Geral
Mensagem do padre Antonio Maurílio sobre o Domingo de Ramos
O e. Antônio Maurílio de Freitas, que já foi paroco em Cassilândia e Chapadão do Sul e atualmente se encontra em Chalé - MG, enviou uma mensagem de Domingo de Ramos.
Domingo de Ramos Semana Santa
Paixão – Morte e Ressurreição de Jesus –
• Celebramos hoje o DOMINGO DE RAMOS. A liturgia apresenta dois momentos bem distintos: A ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM, com a procissão de Ramos, num clima de alegria, como GESTO de FÉ e de COMPROMISSO.
• O INÍCIO DA SEMANA SANTA, com a Leitura da Paixão do Senhor, na missa, relembrando o caminho do sofrimento e da Cruz.
• Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação. Jesus se apresenta em Jerusalém propondo a paz e recebe a violência.
As Leituras nos ajudam a viver o clima dos mistérios que celebramos:
A 1ª leitura > apresenta um Profeta anônimo, chamado por Deus, a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. (Is 50,4-7)
Os primeiros cristãos viram neste "servo sofredor" a figura de Jesus. Ele é a Palavra de Deus feita carne, que oferece a sua vida para trazer a salvação aos homens.
A 2ª Leitura é um lindo Hino Cristológico. (Fl 2,6-11) > Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas, exemplo de toda criatura.
Enquanto a desobediência de Adão trouxe fracasso e morte, a obediência de Cristo ao Pai trouxe exaltação e vida.
Ele se despojou de sua condição divina, assumiu com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai.
É a Kenosis de Jesus - Kenosis (ke/nwse - ekénose, ekenõsen) é um conceito na teologia cristã que trata do esvaziamento da vontade própria de uma pessoa e a aceitação do desejo divino de Deus. É encontrado no novo testamento como o esvaziamento de Jesus. È o mais alto grau de seu rebaixamento, de sua humilhação embora sendo o Filho de Deus.
Esse caminho não levará ao fracasso, mas à glória, à vida plena. E é esse mesmo caminho de vida, que a Palavra de Deus nos propõe.
O Evangelho convida a contemplar a PAIXÃO e MORTE de Jesus, segundo o Evangelho de São Mateus. (Mt 26,14-27,66)
O texto nos introduz no clima espiritual da Semana Santa. Não é apenas o relato dos fatos acontecidos com Jesus, mas o anúncio de um mundo novo de justiça, de paz e de amor:
Por que Jesus veio a este mundo? Leia a parábola do bom samaritano retrata e outras atividades de Jesus retrata isto. - Lc 10, 25-37. Jesus passou pelos caminhos da Palestina "fazendo o bem" e anunciando um mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos.
Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem os pecadores.
Ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos, não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus.
Ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o "Reino";
E avisou os "ricos" (os poderosos, os instalados), de que o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.
Esse projeto libertador de Jesus entrou em choque com a atmosfera de egoísmo e de opressão que dominava o mundo.
As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia de Jesus: não estavam dispostas a renunciar aos mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios. Não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e a aceitar a conversão proposta por Jesus. Por isso, prenderam e condenaram Jesus, pregando-o numa cruz.
> A morte de Jesus é a consequência do anúncio do "Reino", que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo. A morte de Jesus é o ponto mais alto de sua vida; é a afirmação mais radical de tudo aquilo que pregou: o dom total.
Aprofundemos alguns dados que são exclusivos da PAIXÃO SEGUNDO SÃO MATEUS:
Mateus relaciona os fatos da Paixão como Cumprimento das Escrituras: Mateus escreve para cristãos, provenientes do judaísmo, por isso, quer demonstrar que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas.
No Getsêmani, Jesus condena a violência contra o servo do sacerdote. O caminho do Pai passa pelo amor e pelo dom da vida. Por isso, os discípulos não podem recorrer à violência.
Só no Evangelho segundo Mateus aparece o relato da Morte de Judas.
O episódio deixa clara a falsidade do processo e a inocência de Jesus. Mateus de uma forma especial mostra o desespero e o arrependimento de Judas, e deixa clara a inocência de Jesus.
Só Mateus fala do sonho da mulher de Pilatos e da lavagem das mãos. Quer deixar claro que os pagãos reconhecem a inocência de Jesus e o próprio povo o rejeita.
Só Mateus descreve os fatos que acompanharam a morte de Jesus: "O véu do Templo rasgou-se em duas partes, a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos, que tinham morrido saíram do sepulcro, entraram na cidade e apareceram a muitos".
Para Mateus, são sinais de que Deus está ali como o salvador e libertador do seu Povo, apesar do aparente fracasso de Jesus.
Finalmente, só Mateus narra o episódio da "guarda" do sepulcro. Para os cristãos, o sepulcro vazio era a evidência de que Jesus tinha ressuscitado.
Os Ramos verdes, que hoje carregamos, enfeitamos nossas casas, recordam a saudação de acolhida do Povo a Jesus, ao entrar em Jerusalém.
Nós também queremos saudar a vida que ele trouxe e a misericórdia que encontramos em seu bondoso coração.
Pe. Antônio Maurílio de Freitas – Chalé - MG - 05.04.2020