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Memórias de uma mulher de 40 e uns: comer não é o único prazer da vida!

(*) Rosemeire Farias - 03 de agosto de 2015 - 08:50

O antes e depois: com 35 quilos a menos.
O antes e depois: com 35 quilos a menos.

Quando meu pai me pediu para passar as fotos da câmera fotográfica para o pen drive, eu achei que seria uma atividade simples de fazer, e foi. O que me chocou foi uma foto que encontrei nos arquivos. Era a minha foto, sentada em um sofá, vestindo um vestido enorme, de listras rosa e azuis. O que mais me assustou não foi o vestido, mas sim minha aparência, estava enorme, no auge da minha obesidade, com 105 kg. Procurei outras fotos no meu computador e reparei que nos últimos anos eu fui apenas a fotógrafa, registrava momentos felizes das viagens de férias com a família, mas eu não aparecia nas fotos. Vendo aquela bendita foto, percebi que eu, inconscientemente, buscava sempre uma desculpa para não ser fotografada, porque não queria me ver.

Essa foi a constatação quando me deparei comigo mesma na fotografia e depois no espelho, a imagem refletida não me agradou nem um pouco, soltei alguns insultos para mim mesma. Já me sentindo ofendida com a agressiva forma como eu estava me tratando, olhei fixamente ao espelho e disse para mim: “Você nunca tinha ficado assim, sempre foi uma mulher bonita, já esteve gordinha, mas não da forma como está agora. O que você fez consigo mesma? O que você fez conosco? Por que se entregar assim? Nem quando teve os seus filhos chegou a esse peso! Acorde, é uma mulher de garra, de fibra, por que se deixou vencer por um único prazer, o de comer? Por que comer até que o estômago não suporte mais a quantidade de comida que ingere? Por que não comer com moderação?”

Esse momento foi crucial na minha vida, prometi para mim mesma que aquela situação mudaria. Comecei a fazer pesquisas na internet, buscando dietas, dicas, li histórias várias de pessoas que lutaram contra a obesidade e venceram.

Procurei um nutricionista, não consegui seguir todas as dicas, tenho que confessar, mas adotei uma alimentação mais saudável, sem exageros; quando vacilava, compensava no dia seguinte. Assim, consegui emagrecer mais de 30 quilos. Tive que recorrer a tratamentos estéticos para reparar as sequelas da obesidade. Mas, não foram os tratamentos estéticos que me fizeram ser como sou hoje, foi a determinação, a força de vontade e vontade de mudar e ser novamente feliz. Aprendi que a nossa relação com a comida não pode ser de dependência, aprendi que a vida nos oferece outros prazeres, além o de comer: entrar em uma loja, por exemplo, e achar um número que sirva em você sem ser o que está na seção dos números especiais, é um prazer imenso. Na minha época de obesa nem tinha a moda Plus Size, achar roupa legal para vestir era muito difícil.

Mudei de vida, aprendi a me amar, hoje eu sou a pessoa mais importante da minha vida, por isso não me entrego mais, controlo o meu peso e gosto de estar bonita. Aprendi a tirar fotos, hoje tiro até demais. Mas sabe por quê? É para mostrar para mim que eu sou capaz.

(*) Rosemeire Farias, doutoranda em Educação, mestre em Linguística. Trecho do livro em construção: "Memórias de uma Mulher de 40 e uns". Contato: [email protected].

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