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Médicos brasileiros produzem primeira gestação gemelar

Patricia Prado/LaVida Press - 07 de junho de 2005 - 09:39

Técnica é indicada para mulheres com menopausa precoce, com câncer e excesso de óvulos no processo de fertilização “in vitro”


A primeira gestação de gêmeos provenientes de fertilização “in vitro” com óvulos congelados é uma parceria entre o Centro de Reprodução Humana do IPGO - Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, coordenado pelo Dr. Arnaldo S. Cambiaghi e o Centro Huntington de Medicina Reprodutiva, coordenado pelo especialista Paulo Serafini.

O congelamento de óvulos é uma nova alternativa no tratamento e prevenção da infertilidade e na preservação da fertilidade. Segundo o Dr. Cambiaghi em alguns casos pode ser a melhor saída para a mulher e para o casal. “Neste caso o esposo, um médico de 30 anos, tem problemas importantes na contagem de espermatozóides que impedem a gravidez natural. Na realização da fertilização ”in vitro” a paciente recebeu medicação para aumentar o número de óvulos – um procedimento normal neste tipo de tratamento. Um grande número de óvulos foi obtido e por este motivo parte deles foram fertilizados e outra parte congelados. Na época, a fertilização resultou em embriões de baixa qualidade, com pouca chance de sucesso o que implicou em um resultado negativo. A causa provável foi a baixa qualidade dos espermatozóides.” explica Dr. Cambiaghi.

Com 3 meses de tratamento clínico e de terapias complementares conseguiu-se melhora do espermograma. Descongelaram-se os óvulos que foram fertilizados e obteve-se embriões de melhor qualidade que foram implantados com o resultado positivo de gestação gemelar. “O grande benefício neste caso foi que a paciente não se submeteu a novo tratamento, o que implicaria em um desgaste emocional, gasto econômico e sofrimento pelas medicações que ela teria que tomar. Se tivéssemos fertilizado todos os óvulos desde o início jamais teríamos embriões desta qualidade e as chances de resultado seriam ainda menores, pois embriões congelados de má qualidade oferecem baixíssimas chances de resultado positivo”, diz Dr. Cambiaghi.

Segundo Dr. Paulo Serafini, da Clínica Huntington os óvulos podem ser congelados segundo duas técnicas: a americana e a italiana. “Neste caso, após criteriosa análise, os óvulos foram congelados com a técnica americana, chamada - vitrificação. Um trabalho desenvolvido em parceria com o grupo parceiro liderado pelo Prof. Dr Gary Smith da Universidade de Michigan nos Estados Unidos. Os óvulos que passam por este processo podem ser mantidos a - 196 graus C por até uma década", conclui o especialista em Reprodução Assistida.

O congelamento de óvulos é uma alternativa que existe há algum tempo, mas os resultados positivos, que eram baixos, começaram a melhorar nos últimos 3 anos. Os avanços mais significativos são provenientes de pesquisas da ginecologista italiana Eleonora Purcu, da Policlínica Santa Ursula em Bolonha na Itália. Estes avanços foram impulsionados pela proibição do congelamento de embriões naquele país. Isto fez com que as pesquisas se intensificassem buscando melhores resultados.

Até aquela época, o grande problema do congelamento de óvulos era a técnica de desidratação causada pelo congelamento que, devido a quantidade de água existente no seu interior, formava cristais de gelo que modificavam o DNA da célula, levando a morte do óvulo. A técnica foi aperfeiçoada pela Dra Eleonora e mais recentemente pelo Dr. Smith. Segundo o Dr. Cambiaghi recentemente foi comprovado em Istambul a eficácia do tratamento nestes casos.

A utilização do congelamento de óvulos deve ser restrita a casos específicos e não deve ser utilizado deliberadamente. As indicações mais importantes são nos tratamentos oncológicos, na preservação da fertilidade, em mulheres com histórico familiar de menopausa precoce e em fertilização “in vitro” com excesso de óvulos, pois evita o descarte de embriões excedentes.

Nos tratamentos oncológicos, a sua utilização ocorre em pacientes que deverão ser submetidas a quimioterapia ou radioterapia. Este tratamento pode causar problemas irreversíveis ao óvulo. A retirada e o congelamento do mesmo antes do tratamento preservará a fertilidade. Com o término do tratamento o óvulo poderá ser fertilizado em laboratório e o embrião implantado no útero.

Para a preservação da fertilidade, algumas mulheres, quando estão próximas dos 35 anos e ainda não se casaram, nem encontraram o futuro pai de seus filhos, podem ficar aflitas, por saber que a fertilidade diminui com o passar dos anos. Neste caso elas passam por um processo de estimulo ovariano, retiram os óvulos estimulados e os congelam. Caso, no futuro, encontrem seu “príncipe encantado” e na época seus óvulos já estejam envelhecidos pela idade, os congelados poderão ser utilizados. Os óvulos serão fertilizados e os embriões implantados no útero.

Mulheres com histórico familiar de menopausa precoce poderão congelar seus óvulos preventivamente. Na época que desejarem ter filhos, caso seu ovário não esteja funcionando adequadamente, elas poderão utilizar os óvulos que foram congelados anteriormente. Caso contrário, poderão utilizar os óvulos coletados na época.

No caso da fertilização “in vitro”, algumas vezes, pode haver o excesso de óvulos que formam vários embriões. Como apenas uma parte deles são transferidos na futura mamãe outros deverão ser congelados. Caso ocorra gestação e o casal não quiser mais ter filhos haverá problemas éticos, pois embriões são considerados seres vivos e não podem ser descartados. O congelamento de óvulos resolve este problema, pois óvulos são células, não são seres vivos e podem ser descartados. Se não for realizado o congelamento de óvulos, a única alternativa, caso o casal aceite, é a doação de embriões para outro casal ou pesquisa para células-tronco.

Sobre o Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi

Especialista em infertilidade do Centro de Reprodução Humana do IPGO - Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia e membro da European Society of Human Reproduction and Embriology e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.



Autor dos livros Fertilidade Natural (Ed. LaVida Press), Fertilização um ato de amor (2ª Edição, Ed. Edicon) e Manual da Gestante – Orientações especiais para a mulher grávida (Ed. Madras), Dr. Arnaldo Cambiaghi também ministra aulas, palestras e cursos para profissionais da área e o público em geral, através do Centro de Estudos do IPGO. Instituto que trabalha há muitos anos em prol do bem-estar da mulher. Coordenada pelo especialista, a clínica tem consciência da importância da manutenção do equilíbrio do sistema reprodutor da mulher, fundamental para harmonia do interior das pessoas.


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