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MEC quer aumentar escolaridade média de jovens e adultos

Agência Brasil - 30 de abril de 2004 - 15:13

O Ministério da Educação vai dar prioridade à implementação de um programa que visa a ampliar a escolaridade média de jovens e adultos dos assentamentos e acampamentos de reforma agrária no país. O anúncio foi feito hoje pelo secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, Ricardo Henriques, durante solenidade de diplomação de cinco mil jovens e adultos de 130 assentamentos e 175 acampamentos do Movimento dos trabalhadores Sem Terra (MST) que concluíram o curso de alfabetização.

Eles aprenderam a ler e a escrever em oito meses, participando de 356 turmas, em 60 municípios. A iniciativa foi viabilizada através de um convênio firmado entre o Ministério da Educação, por meio do Programa Brasil Alfabetizado, e a Associação Nacional de Cooperação Agrícola.

De acordo com Ricardo Henriques, a questão do acesso ao conhecimento, sobretudo entre a juventude do campo, dando instrumentos para que ela tenha capacidade de transformar a realidade, é o desafio do novo modelo que o MEC quer realizar. “Nossa estratégia está sendo no sentido de induzir as pessoas já alfabetizadas a terem o saber ampliado, porque é impossível acreditar que basta distribuir terra, para gerar desenvolvimento", afirmou Henriques.

A coordenadora de educação do MST em Pernambuco, Rubneuza de Souza, explicou que jovens e adultos assentados e acampados vêm sendo alfabetizados desde 1996, mas há uma necessidade de continuar o aprendizado. Rubneuza disse que, para eles, entrar no ensino regular não é possível, devido à idade avançada. Por outro lado, o supletivo não está inserido na realidade do campo. “A idéia é adotar um programa que possa atender à escolarização do ensino fundamental com metodologia voltada à realidade local”, acrescentou.

O líder do MST, Jaime Amorim, destacou que o programa de alfabetização é fundamental para transformar trabalhadores excluídos em cidadãos conscientes.

Um dos concluintes do curso de alfabetização é o agricultor Cesário Joaquim da Silva, de 64 anos, do acampamento Garrote, no município de Toritama, no Agreste Meridional. Ele disse que está muito satisfeito por saber ler e escrever, porque agora tem condições de fazer cartas e ter seu próprio negócio. “Eu me sinto outra pessoa, já que, devido ao trabalho no cultivo de milho, algodão e feijão, desde os 12 anos até hoje, não tinha tido oportunidade de aprender”.

O veterano da turma de concluintes, Horácio Teófilo da Silva, de 86 anos, do município de Trindade, lembrou que tinha tanta vontade de freqüentar as aulas que, quando criança, chegava a chorar. ”Meu pai era pobrezinho e não podia assumir gastos com minha formação. Comecei a estudar depois de casado, pai de três filhos, tendo que caminhar três léguas à noite, mas sabia só assinar o nome para votar. Agora, tomei gosto pelo estudo e quero aprender mais", contou.

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