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MEC lança programa para evitar evasão escolar

Roberta Melo/ABr - 03 de dezembro de 2003 - 14:26

Abuso e exploração sexual, pobreza, trabalho infantil e a longa distância entre a casa e a escola. Esses são alguns dos fatores que afastam as crianças das salas de aula. Atualmente, o Brasil tem 1,5 milhão de crianças com idade entre sete e 14 anos sem estudar. Para reverter esse quadro, o Ministério da Educação lançou, hoje, o programa Escola para Todos. Os objetivos são cadastrar as crianças e a família, identificar as causas do abandono escolar e ainda levar essas crianças para a sala de aula.

De acordo com os dados do Mapa da Exclusão Educacional, divulgados pelo MEC, do total de crianças fora das escolas, 41% vivem na região Nordeste. Os estados de São Paulo, Minas Gerais, Pará, Bahia, Pernambuco e Maranhão juntos têm 51% das crianças sem estudar. No entanto, Distrito Federal e Rio Grande do Sul são os estados com os menores índices. Do total de municípios no país, 5.507, apenas 123 têm 100% das crianças nessa faixa etária estudando.

Cristovam Buarque disse que é surpreendente um estado tão rico como São Paulo ter o maior número de crianças fora da escola. “Em analfabetismo adulto, São Paulo só perde para a Bahia. Isso é muito triste porque, se a gente comparar a renda per capta de São Paulo com outros países, a gente vai ver que ele é mais rico e está pior que muitos deles”, declarou o ministro, acrescentando que o fato de o estado ser populoso não justifica esses índices.

O país, de acordo com o ministro, precisa de uma lei de responsabilidade educacional para os prefeitos e governadores que deixam as crianças fora das escolas. “O prefeito que não paga a dívida vai preso, mas o prefeito que deixa a criança fora da escola continua solto”, declarou o ministro.

Para ele, quando os prefeitos souberem os nomes das crianças que não estudam “o coração amolece. Ao invés de dizer tantas crianças fora você vai falar fulano fora. O prefeito se transforma em tio”, disse o ministro, acrescentando que o governo vai gastar o quanto for preciso para fazer o cadastramento. “Criança não pode ser tratada com número, valor. Se fosse um país paupérrimo, aí a gente diria que não adianta, mas em um país como o Brasil, o máximo que a gente pode fazer é colocar mais crianças nas escolas que já existem, mas, deixar fora das escolas, não temos o direito”.

Cristovam Buarque disse ainda que o descaso histórico do Brasil com a educação das crianças também contribuiu para o analfabetismo no país. E esclareceu que essas crianças fora das salas de aula não são beneficiadas pelos programas sociais do governo federal Bolsa Escola ou Bolsa Família. “Há um controle. Essas são famílias fora do sistema de proteção social”, concluiu.

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