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MCT nega dificuldade de acesso a instalações nucleares

Milena Galdino-Nádia Faggiani/ABr - 05 de abril de 2004 - 16:16

O Ministério de Ciência e Tecnologia nega que o Brasil esteja dificultando o acesso de inspetores de armas nucleares à instalação brasileira de enriquecimento de urânio de Resende, no Rio de Janeiro. "É inaceitável qualquer especulação que ponha em dúvida as intenções pacíficas do projeto nuclear brasileiro", disse o ministro Eduardo Campos, por meio de sua assessoria.

O MCT confirmou a visita de fiscais internacionais à Indústria Nuclear Brasileira (INB), em fevereiro e março deste ano. Segundo o ministério, em toda a instalação, os inspetores não tiveram acesso apenas à centrífuga que produz o urânio enriquecido. É uma forma de "proteger" a tecnologia empregada no equipamento, segundo o governo.

Reportagem do jornal The Washington Post , na edição de domingo, afirma que os técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), responsável pela fiscalização do cumprimento de acordos internacionais no setor, não conseguem visualizar todas as máquinas colocadas na usina por causa de uma tela de proteção que as esconde.

O ministério garante que o País está em negociação com a AIEA para a utilização de outros métodos de fiscalização quando a planta industrial de Resende entrar em funcionamento em caráter experimental, em outubro.

Uma das propostas do governo brasileiro para resolver o impasse é a inspeção na entrada e na saída do urânio. "A própria Constituição determina a utilização da energia nuclear apenas para fins pacíficos. O Brasil é signatário de tratados de não-proliferação de armas nucleares e sempre condenou o terrorismo", afirmou ainda o ministro, por meio de sua assessoria.

De acordo com a matéria do Post, assinada pelo repórter Peter Slevin, os especialistas em programas de não-proliferação de armas nucleares afirmam que, se os Estados Unidos e as Nações Unidas não insistirem no acesso ao programa brasileiro, isso comprometerá o esforço da Casa Branca em visitar as instalações de produção do urânio enriquecido da Coréia do Norte e do Irã.

Um ex-negociador do programa nuclear dos Estados Unidos, James Goodby, advertiu, no The Washington Post, que regras valem para adversários tanto quanto para amigos. “Se não queremos urânio enriquecido na Coréia e no Irã, também não queremos no Brasil”, justificou.

Segundo o jornal, causa incômodo a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda durante sua campanha eleitoral, de que o Tratado de Não-proliferação de Armas é injusto, apesar de o país garantir que não produzirá armamentos nucleares.

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