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Maria Esther Bueno ensina Guga a volear

Confederação Brasileira de Tênis - 28 de fevereiro de 2004 - 07:34

Celebridade no tênis brasileiro e mundial, Maria Esther Bueno é destaque neste fim-de-semana no Brasil Open 2004. Na tarde de sexta-feira, ela conheceu pessoalmente Gustavo Kuerten e aproveitou para dar ao tricampeão de Roland Garros umas dicas de voleio. Neste sábado, antes das finais das chaves de simples e de duplas do principal torneio do país, Estherzinha dá uma clínica de tênis na Costa do Sauípe, litoral norte da Bahia, às 17 horas, a um grupo de convidados. O evento será aberto e poderá ser acompanhado pelo público.
Número 1 do mundo em 1959, 60 e 64, tetracampeã do Nacional dos Estados Unidos (hoje Aberto dos Estados Unidos), tricampeã de Wimbledon e dona de 19 títulos no Grand Slam em 10 anos de carreira, Estherzinha fez história entre 1959 e 1968. Depois de quase trinta anos de sua despedida das quadras, ela viu nascer um novo fenômeno brasileiro em Roland Garros. “Justamente naquele ano (97), tive um problema familiar e acabei perdendo minha mãe”, relembra. “Mas é claro que sempre acompanhei, a partir dali, a carreira do Guga. Muitas vezes estávamos no mesmo torneio, mas não queria tirar sua concentração e por isso não tivemos oportunidade de nos conhecermos”, disse.

O primeiro encontro entre as duas maiores personalidades do tênis nacional acabou acontecendo na quadra central do complexo montado na Costa do Sauípe. Eles trocaram carinhosamente um beijo no rosto, conversaram e, antes de voltar para os seus treinamentos, Guga recebeu uma “aula” de voleio. “Este ano o pessoal que se cuide lá em Wimbledon, depois das dicas que ele me deu”, brincou o catarinense. Ele lembrou que já havia visto Maria Esther num jantar em Londres quando juvenil. “Fiquei abismado ao ver uma brasileira receber um prêmio em Wimbledon. Respeito todos os números que ela tem, ganhou muito mais do que eu. É realmente uma marca memorável”.

Após o encontro, Maria Esther respondeu às perguntas dos jornalistas. Sobre a ausência de sucessoras, usou exemplos de grandes potências para explicar a falta de jogadoras brasileiras entre as melhores do mundo: “Isso não é um problema específico do Brasil. Depende muito do talento pessoal da atleta. Não acredito que seja apenas um problema de estrutura. Na Inglaterra, a Federação recebe milhões e milhões de dólares e não aparece nenhuma jogadora; na Argentina, também tem muitos jogadores homens, mas surgem poucas tenistas de ponta, apesar de as condições serem as mesmas para todos; na Suécia e Espanha é a mesma coisa”.

Estherzinha disse que é reconhecida, ao contrário do que muitos pensam, e acrescenta que o problema é a falta de cultura: “Faz duas semanas que dei uma clínica em uma praia no litoral de São Paulo e foram mais de 500 pessoas. Os mais velhos me reconhecem, mas talvez as minhas conquistas não tenham sido passado para a geração atual. É bastante diferente do que acontece em países da Europa, nos quais a tradição é valorizada”.

Histórias curiosas foram lembradas por Maria Esther, que competiu numa época antes de o tênis era esporte amador: “Em Hamburgo, eu havia jogado uma semifinal bem disputada e sentia muitas câimbras. Apesar de as dores e de a lesão ser grave, fui convencida a entrar em quadra na final. Usei uma bota de esparadrapo e, como agradecimento pelo meu esforço, ganhei um urso de pelúcia. Na Holanda, eu e meu irmão (Pedro) jogamos duplas mistas. Ele ganhou um guarda chuva e eu, um pijama”.

Maria Esther não fugiu de assuntos polêmicos da atualidade, como o doping, e fez comparações: “Acho que devo estar ficando um pouco antiquada. Na minha época, achava que era impossível uma pessoa usar qualquer tipo de droga para se beneficiar em quadra. Mas hoje, parece que até o refresco que te dão em quadra tem algo extra”.



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