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Manoel Afonso - Que pena! Até os ídolos nos decepcionam

Manoel Afonso - 28 de outubro de 2006 - 08:35

QUE PENA! ATÉ OS ÍDOLOS NOS DECEPCIONAM.
“Nem tudo que reluz é ouro”.

“Logo ele! Mas que mancada do Pelé. Se não bastasse ter se negado a reconhecer a filha “na boa”, não foi visitá-la no hospital e nem compareceu ao velório.” Ouvi muitas críticas ao Pelé neste episódio, que acabou por inspirar esse texto.
Quando Xuxa virou mãe solteira, foi uma decepção para as indignadas mães dos baixinhos. “Que mau exemplo”! Queriam Xuxa casando de branco, com lua de mel inclusive, tudo bonitinho como recomenda a tradição familiar. Nem em sonho gostariam que a situação se repetisse com suas filhinhas.
Collor, o nosso “Salvador da Pátria” cassado por corrupção e Jânio Quadros, que acabou renunciando à Presidência da República, são outros exemplos. Levaram multidões ao delírio prometendo o paraíso e depois decepcionaram: não eram nem sombra do que aparentavam. Deixaram multidões de órfãos arrasados.
A existência por aí de milhares de Rivelinos, Roberto Carlos e Elvis Presley, por exemplo, não é obra do acaso. Ao homenagear seus ídolos, os pais sonham também com a eventual influência positiva do nome na formação dos filhos. É como se o nome resolvesse, fosse passaporte para o sucesso ou felicidade. Hoje, o modismo, principalmente na camada social mais popular, são os nomes de personagens de novelas de televisão. Como se diz: pode até ser pobre, mas o nome tem que ser charmoso! Sacou?
E cada povo agarrado aos seus ídolos. A África do Sul com Nelson Mandela, os cubanos tem Fidel, argentinos com Gardel e Maradona, a Polônia com João Paulo II e assim por diante. Vivos ou mortos são importantes no contexto local.
Na verdade, o problema é que nós fãs, admiradores, somos muito radicais, egoístas ou cegos. Pela nossa ótica, os ídolos não são de carne e osso. Eles devem ser perfeitos, sem problemas de qualquer natureza, conciliando a carreira com a vida pessoal e familiar. Estão proibidos inclusive de ficar velhos. Morrer então nem pensar! Só depois de nós. Ainda me lembro da frustração das mulheres que viveram sonhando em se deitar com o ator e galã Rock Hudson, e só na velhice dele souberam da sua homossexualidade. No fundo, no fundo devem ter dito: “canalha...traidor!”
E mais: assistindo o filme “O diabo veste Prada”, pensei com meus botões: “sacanagem! Que estrago o tempo fez na Meryl Streep! Aquela gracinha que arrancava suspiros da gente, virou essa matrona”! Também fiquei indignado ao ver um filme na televisão, onde Paul Newman fazia o papel de um velho, mero coadjuvante.
Mas todo esse modo de pensar começa lá atrás! Os pais são nossos primeiros ídolos. Estão acima de todos! São os modelos nos quais inspiramos. No início eles tudo podem e fazem: afinal, eles são os nossos dedicados provedores. Da mamadeira na hora certa até a mão que ampara nos primeiros passos. Depois, cada vez mais exigentes, vamos percebendo suas limitações, dúvidas, angústias e fraquezas inclusive.
Com o passar do tempo e por influências diversas, acabamos por transferir esse depositário de admiração, afeto e respeito para outros que julgamos merecedores. Neste extenso rol, estão artistas, atletas, políticos, figuras públicas como empresários, intelectuais e acredite, até personagens fictícios de revista de quadrinhos.
Claro! Hoje existe gente merecedora de nosso respeito e admiração. Mas existem muitos enganadores, produtos da mídia, da nossa ignorância e das circunstâncias. Portanto, não se empolgue, não se deixe enganar pelas aparências: o que não falta por aí são ídolos de barro, vilões camuflados. Sem ceticismo, mas sem excessos!

Manoel Afonso
[email protected]


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