Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Sábado, 20 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Manoel Afonso - Professor Gilberto, "o polivalente"

Manoel Afonso - 29 de abril de 2008 - 10:58

Zildo Silva
Zildo Silva

Como dizia o poeta Mario Quintana: “A morte deveria ser assim: um céu que pouco a pouco acontecesse e a gente nem soubesse que era o fim”.
Mas a vida tem cada surpresa! Eu dizia ontem à noite ao Hugo Silva: “Quem diria! Você aqui comigo comprando o caixão e as roupas para enterrar o Gilberto, seu compadre e companheiro de férias inesquecíveis na praia”. E eu lembrava ao Hugo: “é bem assim; o cara trabalha, dá um duro danado para criar os filhos, encaminhá-los e quando consegue se aposentar aparece um câncer ou uma fatalidade qualquer.”
A nossa relação com o Gilberto começou em 1973, lá no famoso “Hotel da Delza”. Tal como eu e o Girotto, o Gilberto e Cida, também estavam pesquisando e checando as possibilidades de morar em Cassilândia. Apesar da falta de energia, telefone e tanta coisa boa que tinham em Penápolis, venceram as dúvidas e decidiram que seriam cassilandenses. E deu no que deu.
Gilberto era danado. Suas raízes ruralistas logo despertaram a paixão pela terra e comprou o primeiro sítio ali na região dos Cadetes. Esforçado, conseguia conciliar o magistério com as atividades rurais. Era comum vê-lo em cima de um velho trator no cultivo da terra para a brachiaria.
Falante, crítico, não tinha meia palavra. Na escola era respeitado pelo estilo cobrador, não dando moleza aos alunos. Aliás, muitos deles são hoje profissionais respeitáveis e não negam a influência que tiveram dele no aprimoramento da conduta social. Aliás, Gilberto debatia muito a questão da cidadania com seus alunos e colegas de magistério.
Estivemos junto no Rotary por muitos anos. Tivemos muitos “arranca rabos”, mas nada que abalasse nossas relações, pois tudo terminava em brincadeiras e gozação. Esperto, jamais aceitou ser candidato a vereador, apesar dos inúmeros apelos que recebia em tôdas eleições. Palmeirense como eu, tinha boa memória para falar dos grandes craques que passaram pelo Palmeiras. No Sindicato Rural e na Maçonaria Gilberto manteve o velho estilo.
Estive com ele em fevereiro aqui na Assembléia Legislativa, em companhia do Paulo Abud. Feliz e alegre com essa experiência de participar da administração municipal. Achei que ele estava motivado e até pensei: dessa vez o “negão” acaba virando vereador. Errei feio.
Ontem à noite lá no Proncor, junto com o Cadete de Castro, o Hugo, o Zé Ancelmo e outros cassilandenses, ousei dizer que o corpo do Gilberto deveria ser enterrado em Cassilândia: onde ele viveu intensamente e criou os filhos e onde será lembrado eternamente. Mas sabe como é! O próprio Gilberto teria manifestado certa vez que sua ultima morada deveria ser em sua Penápolis. A família atende assim o pedido.
Com o coração rasgado aqui na cidade grande, presto essa homenagem ao Gilberto, que por ironia do destino, morreu exatamente no dia em que completava 57 anos de idade. Por tudo que foi e fez, merece.
Como dizia o locutor esportivo Fiori Gilioti:
“Fecham-se as cortinas...”

Adeus Gilbertão!

SIGA-NOS NO Google News