Se remédio e outros produtos industrializados têm prazo de validade determinado, nada mais justo que a mesma regra fosse aplicada à atividade política. Mas na pratica não é assim. Políticos superados insistem em permanecer nas prateleiras eleitorais, fingindo ignorar os efeitos implacáveis do tempo.
De norte a sul – de leste a oeste, centenas de personagens compõem um cenário nada animador. Velhas lideranças erguem bandeiras conhecidas, com os mesmos discursos de antigamente, para conquistar os votos que lhes garantam a permanência no poder. Quando não podem ser candidatos por qualquer motivo, lançam suas marionetes ou laranjas que rezam fielmente em sua cartilha. Seria o caso de se perguntar: será que nas cidades brasileiras não existe gente nova com capacidade e vontade de mudar a cara da política?
Na verdade, as velhas raposas se aproveitam exatamente do terreno que prepararam. Se elas contribuíram para a degradação da atividade política aos olhos da opinião pública, acabam se apropriando do espaço por falta de concorrência sadia. O estigma implacável de que a política seria sinônimo de safadeza, desanima eventuais pretendentes, preparados e de boas intenções inclusive.
Ainda na semana passada, no saguão da Assembléia Legislativa, alguém ironizava: “por que tanta vontade de servir ao povo? Por que esse excesso de doação, por tantos e tantos anos à causa pública?
Já que estamos neste mês que antecede mais um pleito municipal, nada mais oportuno o convite – ou intimação – para que o eleitor faça uma análise dos personagens que compõem o quadro político de sua cidade e quais deles estariam com o prazo de validade vencido.
A renovação de valores e de idéias pode ser uma boa aposta para dias melhores e menos escândalos. Como mostra aquela propaganda da Justiça Eleitoral na televisão: ficar mais quatro anos com aquele zumbido de abelha no ouvido é muito ruim.


Manoel Afonso
(comentarista da TV.Record-MS.)