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Manoel Afonso - Política: um bom negócio?
Ah! Agora sim entendi porque a maioria quer permanecer na política. Os números ajudam a confirmar as suspeitas e eles vieram da organização não governamental Transparência Brasil. Segundo ela, 46,03% dos candidatos nas capitais no pleito de 2.006 e que agora concorrem à reeleição, ficaram em média mais ricos. Só para complementar a informação: dos 709 atuais prefeitos, vices e vereadores das capitais, 663 estão concorrendo à reeleição. E outro dado significativo: 277 ocupantes de cargos nas Assembléias Legislativas e Congresso Nacional são candidatos nestas eleições prefeiturais.
Mas justiça seja feita: muitos deles conseguem milagrosamente desenvolver atividades paralelas rentáveis, embora o exercício do mandato em uma capital exija dedicação integral. Mas nunca é demais lembrar: se é prefeito, tem que estar ligado 24 horas por dia: se é vice nem tanto, mas se é vereador tem que participar de sessões, comissões, além de outras atividades inerentes ao mandato. Seria excesso de patriotismo, amor pela causa pública, de servir ao povo, a grande explicação para tamanha dedicação?
Mas o que eu quero dizer é que essas notícias, frutos de dados colhidos junto aos Tribunais Regionais Eleitorais, onde estão as declarações de bens dos candidatos, ocorrem num momento delicado. Pesquisas indicam que o eleitor anda decepcionado com a ação da classe política, com os escândalos e o pouco interesse na solução de problemas crônicos que judiam do povo em geral. Daí, esse eleitor tem todo o direito de tirar suas deduções, ignorando as exceções e generalizando a bandalheira.
Manoel Afonso, comentarista da TV Record
O eleitor também faz outra conta cruel, mas verdadeira: Quanto efetivamente custa cada vereador, levando em conta o repasse financeiro que é feito pelo Poder Executivo às Câmaras Municipais? Como sempre digo: faltam candidatos a cargos de entidades como asilos e creches, mas sobram candidatos aos cargos eletivos da nossa política.