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Geral

Manoel Afonso - Passaia "Garganta Profunda"

30 de setembro de 2010 - 13:01

“Você pode se arrepender de descobrir a verdade”



O motorista Eriberto denunciou Collor e o caseiro Francenildo delatou Pallocci, que também foi apeado do poder. Mas, apesar da atitude corajosa de ambos, eles não tiveram o justo reconhecimento da sociedade. Certo? Vale lembrar: o primeiro passa por dificuldades financeiras e o segundo só voltou ao noticiário porque ganhou ação indenizatória de R$500 mil da Caixa.
Após essa ilustração, seria o caso de se perguntar: até quando a memória de Dourados irá se lembrar da ousadia de Eleandro Passaia? Como é tradicional no país, a postura moral-ética não sucumbirá aos interesses mesquinhos do varejo? Afinal suas denúncias feriram interesses e esquemas enraizados na vida pública e política daquela cidade.
Entre as opções do heroísmo e covardia citadas por Jean Paul Sarte, o jornalista Passaia escolheu a primeira - sob o fundamento da moral coletiva - que se pode denominar de causa justa, independentemente das conseqüências pessoais que possam lhe atingir agora ou num futuro distante.
Pelo menos até aqui, não há indícios de que Passaia tenha agido por sentimento de vingança, como fizeram Nicéia Pita, Mônica Veloso (ex-Renan Calheiros), Marco Aurélio (ex-genro do juiz Lalau), Maria Cristina (ex-de Valdemar C. Neto), Pedro Collor e Durval Barboza (ex-governador Arruda).
Nota-se, pelas suas constantes afirmações, que Passaia não quer ser visto como Judas, Joaquim Silvério dos Reis, o cineasta Elias Kazan (delator no Governo MC Carth) ou mesmo do garoto Pavlik Morozv (delator do próprio pai durante o comunismo da União Soviética). Certamente ele poderia ser comparado ao personagem oculto (assessor do comitê de campanha de Richard Nixon) - usando o cognome de “garganta profunda” - que forneceu dados decisivos para o sucesso dos dois jornalistas no caso “Watergate”, mostrado no filme “Todos os Homens do Presidente”.
No arremate fica o registro da preocupação quanto ao futuro do colega Passaia. Sobreviverá às pressões e ameaças? Até onde sua integridade será garantida pelas autoridades? Sua atitude abriu ou fechou novas portas? Quem são seus amigos – de verdade – agora? Tem ambiente para continuar naquela perigosa cidade ou mesmo aqui no Estado? O tempo, senhor da razão, é quem nos responderá.


Manoel Afonso



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