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Manoel Afonso: Partidos & Picaretas

Manoel Afonso* - 27 de julho de 2009 - 07:33

Quem não se lembra? Em 1993, no Governo de Itamar, Lula disse que no Congresso havia 300 picaretas. Foi um “auê, inspirando até a música do “Paralamas do Sucesso”. Lula pecou na quantidade e ao confinar no congresso o reduto dos meliantes. Deveria ter generalizado, alcançando assembléias, câmaras e partidos (inclusive o seu).
Claro! Tudo começa com a ficha de filiação ao partido, levada geralmente ao convidado pelo dirigente – sedento de gente nova para engordar sua agremiação. Quase sempre, não é considerada essencial a idoneidade moral e muito menos é feita uma investigação pessoal. Filiações de afogadilho, sem critérios, acabam revelando monstros ao longo dos anos.
O dirigente partidário não obedece ao que diz o estatuto de sua agremiação: às vezes nem se deu ao trabalho de uma leitura e interpretação responsável. O novo filiado assina a ficha em branco, que é preenchida depois e abonada em seguida. O que vale é a quantidade de filiados para o partido se viabilizar na cidade.
Lembrando: na semana passada foi preso mais uma vez pela Polícia Federal - Nilton Cesar, o ex-candidato à prefeito de Campo Grande. Aliás, ele foi candidato em vários localidades, chegando a exercer o mandato de deputado no Paraná. Aí eu pergunto: como é que esse cidadão conseguiu espaço nos partidos políticos e viabilizou sua candidatura? Ora! Graças à fragilidade partidária e a legislação eleitoral inconsistente.
Portanto, os dirigentes são coniventes com a pratica de se usar partido e mandato como muralha de proteção através do foro privilegiado. Com um mandato na mão é quase impossível cercar esse tipo de bandido. Pasmem! Um em cada cinco dos novos deputados federais, eleitos em 2006, está sendo processado. Quase 20% do contingente que assumiu o poder. Isso sem contar as 440 ações diversas (seqüestro, estelionato, homicídio, peculato, etc.) que tramitam no STF contra 143 parlamentares.
Temos memória curta, mas nem tanto: o deputado federal Jabes Rabelo (Rondônia) chefiava uma quadrilha especializada em cocaína e seu irmão foi preso com um caminhão carregado com a droga. O deputado Paschoal “Motoserra” matou várias pessoas e sua cassação foi demorada. Jader Barbalho aprontou e está aí de volta. O mesmo ocorre com o deputado petista João Paulo, que se reelegeu após ter renunciado para escapar da cassação. E existem outros tantos que citá-los tornaria o tópico enfadonho.
Mas no arremate do texto, ficam reiteradas as críticas e alertas aos dirigentes que sonham em fortalecer seus partidos. Prezem mais a qualidade do que a quantidade. Sejam criteriosos no convite de filiação. Não se deixem enganar pelas aparências. Vasculhem o passado do convidado, sob pena de dar guarida e “status” para um picareta ou, quem sabe, um bandido de marca maior. O Brasil não merece tanta sacanagem.

Manoel Afonso , comentarista da TV Record






* O Cassilândianews não se responsabiliza por artigos e opiniões com autoria.

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