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Manoel Afonso: O terceiro mandato & as tentações

Manoel Afonso - 18 de maio de 2009 - 08:13

Daria para apostar na insinceridade de Lula? Mas a tese de perpetuação no poder seduz quem está no trono, que imagina ser imprescindível para o bem estar da Nação! Esses arranjos começaram lá atrás com o Golpe da Maioridade (1840), passando por Campos Sales, Estado Novo, Governo Militar e depois com FHC.
Toda semana lemos declarações de Lula demonstrando aversão à hipótese, mas não se pode ignorar as constantes manifestações de aliados na defesa do terceiro mandato. Autorizados ou não, esses defensores acabam colocando mais lenha na fogueira da sucessão, principalmente agora com a doença de Dilma e a propalada união entre Serra e Aécio. Sem outro nome dentro do PT e mesmo na base aliada, quem garante que não teremos novidades?
Não se pode ignorar o que tem ocorrido em países da nossa América, onde presidentes mudaram as regras constitucionais em proveito próprio. Foi assim no Peru com Alberto Fujimori, Rafael Correa no Equador e Venezuela com Hugo Chaves. A Rússia, de Vladimir Putin é outro país que se encaixa neste tipo estranho de democracia que acabou desembocando no autoritarismo.
Os jornais deste último final de semana falaram muito sobre o tema, com destaque para a PEC do deputado peemedebista sergipano Jackson Barreto, prevendo um referendo popular ainda em setembro próximo para que Lula possa se candidatar pela terceira vez. A novidade é que a emenda estaria contemplando também os governadores e prefeitos com a chance de idêntico benefício. Verdade ou não, é um componente inédito para fermentar o núcleo das especulações. Vejamos.
Quase todos os governadores, embora façam pose de paladinos da ordem constitucional, gostariam de ter a chance de continuarem no cargo. Se a idéia seduz, o passo seguinte seria orientar seus deputados e senadores para abraçarem a causa. Por extensão, também os prefeitos cobrariam de seus parlamentares idêntica postura. Conseqüentemente, eles acabariam empurrando a aprovação da proposta e dando na bandeja o terceiro mandato para Lula.

Lula está viajando, mas se mantém informado sobre o que ocorre nos bastidores. Na sua volta, já teremos uma sinalização de eventual mudança de pensamento quanto ao terceiro mandato. Deus queira que ele não se sinta no direito e na obrigação de fazer o que achar melhor para o Brasil, sem dar muita trelha às instituições e poderes constituídos, como, aliás, fez o Hugo Chávez.

O Brasil não é a Venezuela, mas seu povo sofre de amnésia e tem a marca da passividade, com um estômago de avestruz. Digere tudo com extrema naturalidade. E isso é muito ruim!


Manoel Afonso , comentarista da TV Record, de Campo Grande.







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