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Manoel Afonso - Indignação: vamos imitar os argentinos?

Manoel Afonso - 01 de outubro de 2007 - 10:14

Mas o país não vai bem do ponto de vista econômico? O povo não está vivendo melhor? Claro que sim! Impossível negar o “óbvio ululante”, na velha expressão de Nelson Rodrigues. Mas isso não basta! A população está atenta e sabe separar as coisas. Acha por exemplo que poderia estar muito melhor e assegurar um futuro melhor.
O tempo passa, as eleições vão acontecendo e a democracia se consolidando. Mas a credibilidade da classe política não tem acompanhado esse quadro e o conjunto de fatos respinga negativamente também nas instituições públicas.
Não é por acaso que políticos, Senado, Câmara Federal, partidos políticos e vereadores não são bem vistos segundo a última pesquisa da Associação dos Magistrados do Brasil. Os escândalos envolvendo figuras do poder político, das pequenas cidades ao núcleo do legislativo em Brasília, têm ocupado a mídia insistentemente e aí não há como escapar das conseqüências.
O curioso é que nenhum deputado ou senador, por exemplo, teve a coragem de abordar e questionar os resultados dessa amostra da insatisfação popular. Inteligentes, sabem que contra a verdade não há argumentos e assim preferem ignorar na tentativa de minorar seus reflexos. O corporativismo e a impunidade têm caminhado de mãos dadas por esse Brasil afora. A cada nova denúncia, a cada novo escândalo, a opinião pública solta suspiros de ceticismo quanto a possibilidade de punição ou desfecho que sirva de lição em nome da moralidade e ética na conduta. A expressão “vai terminar em pizza” virou frase comum para prejulgar o final destes episódios.
Na outra ponta, só a Polícia Federal, os Juizados de Pequenas Causas e as Forças Armadas, segundo os olhos do povo, são as instituições públicas que não decepcionam as expectativas e merecem a confiança no dia a dia. Curiosamente, os integrantes destas instituições não são eleitos pelo povo: são pessoas concursadas, preparadas intelectualmente e dotadas de valores morais imprescindíveis.
Se nós escolhemos de forma errada nossos políticos, somos indiretamente os grandes responsáveis pelas mazelas. É aí que entra a acomodação do brasileiro e sua falta de indignação, que sobra por exemplo nos vizinhos argentinos. Enquanto nós aqui limitamos á critica passageira, nossos “hermanos” saem às ruas e protestam com garra e coragem.
No arremate a sugestão: vamos aprender cidadania com eles argentinos?

MANOEL AFONSO

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