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Geral

Manoel Afonso escreve sobre os 90 anos de da. Picucha

Manoel Afonso - 13 de setembro de 2004 - 07:52

DONA PICUCHA E SEUS 90 ANOS: UM EXEMPLO

(Manoel Afonso)


A paisagem – sem igual: ao fundo as águas do Aporé deslizando pelas curvas mansas, entremeadas de restos de árvores da mata ciliar. Bem mais distante era possível divisar parte da serra em terras de Goiás. Mas no aconchegante local da festa, preparado com toalhas e mesas especiais, decoração caprichada, telão, músicos e bebidas à vontade, na hora e gelada, o ambiente era de felicidade. Na face de cada um dos amigos e parentes que foram abraçar a aniversariante, o sorriso por estar participando do evento, prestigiando-a e revendo tanta gente morando em lugares diferentes.

Da mesa localizada num local privilegiado, tínhamos a visão de tudo e de todos. De lá, conseguimos visualizar o rosto de dona Picunha, que entre um abraço e outro, parecia absorto – olhando no imaginário do passado, revendo fatos e pessoas ao longo destes anos. O cabelo mais curto de quando eu e o Girotto a conhecemos em 1974, mais gorda, mas a voz inconfundível. Em segundos imaginei o que ela estaria pensando ali, no meio da barulhada, do corre corre dos netos e bisnetos, onde era paparicada por todos. Estaria ela fazendo um balanço da vida? Estaria somando, multiplicando e dividindo os bons momentos de sua jornada? Quem sabe! É possível que sim. Afinal impossível construir uma vida, ou passar por ela, só com ganhos ou apenas com perdas.

Mas longe destes questionamentos, o importante, como citamos em nossa fala – intimados que fomos pela Martinha - é que a dona Picucha enfrentou tantas tormentas e dificuldades e sobreviveu, dando exemplo de força para todos nós que às vezes fraquejamos diante de problemas menores, quase insignificantes. Ela pertence a uma geração quase extinta, de fortes, de guerreiros que não recuam. Não foi por acaso que ela arrancou tanta gente, de tão longe, para comemorar a vida, para partilhar de momentos únicos de toda sua família. O Evânio piloto, o Robertinho da “Veterinária” – também piloto, de sorrisos largos, representavam bem a satisfação do momento, do reencontro com a aniversariante, seus parentes e amigos. Escolhi ambos como referencial de presenças.

Foi uma festa e tanto, dessas de “tirar o chapéu” como se diz no interior. Mas, da aniversariante, muito mais que seu arroz com gairova, de seu franguinho caipira feito na panela de ferro no fogão a lenha, de seu café inconfundível de todas manhas e tardes, regados a pão de queijo, ficam para nós – que convivemos por muitos anos em sua casa; a lembrança de sua simplicidade e generosidade de gestos e carinhos. Valeu! Não vamos esqueça-la! Viva mais dona Picucha. Um beijo no seu coração.




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