JAIR BONI: “MELHOR QUE FALAR, É FAZER !”
(Manoel Afonso)

Ele veio de São Paulo e tenho dúvidas se o mesmo sabia do ditado popular, segundo o qual “política só tem uma porta – de entrada! Estava tocando sua vidinha, cuidando de fazenda, quando pintou o convite para disputar a prefeitura. Ao final de muita conversa e reuniões, ele acabou aceitando. Daí para frente sua vida nunca mais foi a mesma; transformou-se num turbilhão de problemas e interrogações. Deu adeus a soneca após o almoço, as conversas prolongadas em família, aos papos com corretores e pecuaristas e ao estilo de vida pacata que adotara.

Noites mal dormidas, desgaste de ordem emocional, o abandono das atividades ligadas à terra e ao final acabou eleito prefeito. Quem conhecia Jair, já sabia que ele empreenderia seu estilo dinâmico de governar, onde a praticidade é a característica principal. Foram anos de progresso, onde impôs seu jeito pessoal de encarar e resolver problemas. A cidade se transformou e recebeu benefícios tão sonhados, entre eles, a melhor urbanização da cidade, telefone, energia elétrica e a estação rodoviária.

Até os adversários, que o criticavam pelo seu modo franco de se relacionar com os munícipes, sem estilo paternalista, acabaram baixando a guarda, reconhecendo que Jair era o melhor prefeito de toda história da cidade. A nova cara da cidade era uma realidade inquestionável. Jair conseguia impressionar e arrancar elogios até com obras simples, mas de bom gosto. A cidade respirava progresso, otimismo e passou a servir de referência positiva às cidades da região. Em conseqüência, Jair era apontado como nova liderança regional, com chances de disputar uma cadeira na Câmara Federal e Assembléia Legislativa. Ele jamais admitiu sair de Cassilândia, alegando que não teria condições, devido a burocracia oficial, de servir a cidade como deputado. Para ele, o cargo no Executivo é muito melhor para colocar suas idéias em prática. Jair admite que nunca teve paciência para o estilo ritualístico que rege a conduta da classe política no Legislativo.
Esse envolvimento com a política, que Jair imaginava temporário, ocasional até, ganhou outras proporções, e por mais que tentasse, não conseguiu dela se desvencilhar. É aquela história de apenas uma porta! Acabou apaixonado ainda mais pela política e por Cassilândia, voltando ao poder como queria o povo. Tudo isso teve um preço a pagar e ele sabe disso. Se não estivesse entrado para a vida pública, certamente seria um dos homens mais ricos da cidade. Jair teve outras perdas pessoais, além é claro, da saúde, mas tudo isso não lhe tira o ânimo. Mais experiente por tudo que passou, está mais sensível e mais aberto até.
Por tudo que fez pela cidade, pelas provações ao longo de sua vida, presto aqui essa homenagem que acho justa. Jair Boni Cogo merece constar da galeria dos personagens que foram importantes na construção da comunidade cassilândense. A apreciação do trabalho de Jair, deve estar acima das paixões partidárias, porque seu amor pela cidade é bem maior. Todos nós, sabemos que existem duas cidades: uma antes dele, outra depois. Como se diz: fala pouco, mas fez muito!
(O autor é comentarista da TV Record-MS)