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Manoel Afonso: Eleição exige jogo de cintura

Manoel Afonso - 17 de março de 2008 - 07:51


Dinheiro é um componente muito importante em qualquer eleição. Com ele o candidato abre muitas portas e amplia as chances de coligações e apoiamentos preciosos ao longo da campanha. Mas dinheiro não é tudo! Lembram-se daquela derrota do poderoso Antonio Ermírio de Moraes para Quércia em São Paulo? Existem centenas de exemplos neste sentido, mas esse talvez seja o mais emblemático deles todos.
Dentre as qualidades exigidas ao candidato, não se pode esquecer a sua facilidade de superação ou adaptação nas mais complicadas e diferentes situações. É o velho “jogo de cintura” de guerra, tão destacado ao longo da história do cenário político de todo mundo.
As imagens ainda estão vivas na memória de todos nós: o sociólogo Fernando Henrique colocou o chapéu de vaqueiro e montou num jegue no Nordeste; embriagado, o insuperável Boris Yeltins – não vacilou e dançou ao som de uma banda de rock russa; Bill Clinton cansou de dar canja de saxofone ao longo de suas campanhas eleitorais; Romeu Ruma, de descendência libanesa, comeu buchada de bode e disse que adorava essa iguaria nordestina e JK. dançava com todas as mulheres em suas peregrinações como candidato e presidente. Tancredo Neves também é um bom exemplo de político articulado: conseguiu ser unanimidade nacional num período difícil e onde muitas lideranças disputavam os espaços.
O jogo de cintura é uma necessidade no dia a dia do político. Hoje os meios de comunicação registram tudo: um gesto, uma expressão facial, uma simples palavra ou frase pode colocar tudo a perder. Tido como esperto, Maluf acabou se complicando. Na pergunta se era a favor ou contra a pena de morte para o estuprador - ele disparou: “estupra, mas não mata”! E aí passou a imagem de defensor deste crime hediondo.
Para alguns, Lula está sendo incoerente com seu passado. Para outros, ele tem jogo de cintura ao se cercar de ex-adversários em nome da governabilidade. Sabe que se radicalizasse governando apenas com sua velha “tchurma” não aprovaria nada no Congresso e não teria chances de êxito.
Em ano de eleição vale lembrar aos candidatos a importância do jogo de cintura. Claro que em certas ocasiões é preciso ser radical e direto, mas em outras é preciso transigir. Conheço vários cidadãos probos e preparados que não venceram na política exatamente porque viam o jogo de cintura como uma violência, uma negação de postura e até do próprio estilo de vida que sempre tiveram.
Como lembra um amigo: jogo de cintura também é dançar o xaxado, ir à missa, beijar a mão da mãe de santa, tomar cachaça, dar o pontapé inicial em partida de futebol, não reclamar de nada, nem do xixi do garoto de colo na hora da foto com os pais. Se você tem pretensões políticas, aproveite o texto para uma reflexão.
E aí! Vai encarar?

Manoel Afonso

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