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Geral

Malta, na década de 1980, por Terezinha Tagliaferro

Tereza de Jesus Tagliaferro - 07 de dezembro de 2009 - 10:02

Quando cheguei aqui eu estranhei tudo. Diziam que aqui era primeiro mundo. Eu observava tudo e pensava comigo, mas sera possível? Todos os prédios públicos, quero dizer, onde funcionava algum departamento do governo eram pintado de branco com as janelas em verde.As construções eram antigas e de um modo geral foram se adaptando, juntando um pedaço daqui e dali.Tudo era de uma pobreza que dava pena. O piso era remendado com vários tipos de cerâmica, umidade por toda parte.

Aqui nao existia nem sequer um supermercado que pudesse comparar com os existentes no Brasil. Eram apenas, tipo "vendas" no Brasil.

Padaria? Se comprava pão direto no forno ou ficava freguês de uma perua que vinha entregar em casa. O forno era a lenha. Eu perguntava ao meu marido onde conseguia lenha visto que aqui não tem floresta. Depois notei que se usava madeira de engradados, uma vez que a ilha importa quase tudo de outros países. Existe por aqui muitos engradados ou se usa madeira de móveis velhos que não tenham pintura.

Perto da minha casa mora um político famoso, deputado. Sempre soube que na nossa terrrinha eles vivem numa casa de luxo com todo conforto. Um dia fui na casa do tal deputado porque ele tem um cunhado que mora no Brasil, no estado do Parana. Meu Deus, que decepção.Na casa dele não tinha nem sequer pia na cozinha. Não vi nadinha de conforto. Até hoje ele mora no mesmo lugar. Se aposentou como magistrado. Há 2 anos eles aumentaram uma cozinha nos fundos, onde colocaram uma pia. Então, veja bem, tudo pra mim era novidade e não via a hora de contar pra minha família a contradição que existia por aqui."Primeiro Mundo Miserável".

Os tempos mudaram, Malta em 1984 podia ser comparada a uma cidadezinha pobre de interior brasileiro e olhe lá....

Agora tem um aeroporto novo, moderno.Tem um hospital chamado "Mater Dei" que e um espetáculo, com telefones pra cada paciente. Estão construindo novas estradas com a ajuda da União Europeia.Tem supermercados enormes, mas ainda o Brasil segue em frente. Levará anos pra ter o brilho da nossa terra.

Hoje em dia, eu entendo o porquê de tudo. É um país que conheceu a guerra e foi quebrado por ela. A guerra deixa cicatrizes profundas que só o tempo poderá cancelar e será necessario muito tempo mesmo.

Quem viveu a guerra tem pontos de vista diferentes.A influência maior está no valorizar as coisas, em nao apreciar as coisas supérfluas.Quem conheceu a guerra nunca mais seré uma pessoa feliz, que ri a toa.

Agora, como ja estou aqui há tanto tempo, já não vejo tanta diferença, então não sei exatamente sobre o que seria interessante escrever.Preciso pensar bem sobre o assunto.

Bom Dr. Girotto, desculpe por escrever tanto.Vou descansar porque domingo eu trabalho o dia todo.Entro as 7h30 e saiu as 19h. Lá no convento, as religiosas deixaram um apartamento para meu uso porque eu trabalho 5h. de manha e 4h a tarde, porém fico lá o dia todo. Nao compensa vir em casa, é só gastar gasolina e tempo a toa.

Pra lhe ser sincera estes ultimos meses,depois que aumentou minha carga-horaria, nao tive mais nem tempo de ouvir a Radio Patriarca que gosto tanto.

Envio tambem desejos de Boas Festas a todos seus funcionarios e que continuem com o grande sucesso atual.

Até mais.
Terezinha

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