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Mais de 60 animais morrem vítimas de raiva bovina em MT
Os produtores do município de Guiratinga (334 quilômetros de Cuiabá) estão preocupados com um foco de raiva bovina na região. Até o momento mais de 60 animais já morreram contaminados com a doença e mais de 15 propriedades foram notificadas pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea). A confirmação do foco foi feita após exames laboratoriais realizados pelo Laboratório de Apoio à Saúde Animal (Lasa) da própria instituição, em Cuiabá.
O médico veterinário e responsável pela unidade do Indea na região, João Bosco, disse à reportagem do site da TV Centro América que os animais começaram a morrer em novembro do ano passado. Desde então, segundo ele, o número de animais infectados pela raiva está cada vez maior no município. Oito propriedades onde foram confirmadas as mortes estão interdidatas e proibidas de realizar o trânsito de animais.
"A primeira notificação foi feita na fazenda Pratalina I, quando mais de 15 bovinos morreram. A partir daí os animais de outras propriedades também registraram a doença. Em uma delas já foram constatadas as mortes de mais de 25 cabeças de gado", revelou João Bosco. O veterinário disse ainda que este foco é o que mais matou animais nos últimos quatro anos na região. Em 2003, cerca de 153 animais morreram contaminados pela doença.
Raiva bovina
O principal transmissor da raiva bovina é o morcego hematófago. Ele transmite o vírus rábico pela saliva quando se alimenta do sangue dos animais. Além dos bovinos, a doença ataca caprinos, eqüinos, suínos e ovinos. Um dos primeiros sintomas da raiva bovina é a paralisia dos membros e o aumento da salivação. Entre os sintomas também estão a apatia, isolamento do rebanho, agressividade e dificuldade para se alimentar.
O médico veterinário explicou que apesar da vacinação contra a raiva bovina não ser obrigatória no Estado nem no país, acaba sendo necessária, porque sem ela fica quase impossível a criação de bovinos. "É necessário que o produtor realize a vacinação durante todo o ano nos animais, para que eles não sejam contaminados", recomendou.
O responsável pelo Programa de Controle da Raiva dos Herbívoros no Estado, Alisson Cericato, destacou que a vacinação se faz obrigatória apenas nas propriedades vizinhas em um raio de 15 quilômetros do foco. Caso os animais não sejam vacinados, é aplicada uma multa de R$ 58 por cabeça de gado. "Estamos realizando a vacinação em todas as fazendas próximas do foco", informou.
João Bosco afirmou que para tentar combater a doença, os médicos veterinários do órgão estão percorrendo todas as propriedades localizadas na região, com a tentativa de conscientizar os produtores sobre o assunto. A raiva bovina é uma doença que não tem cura e pode ser transmitida ao homem.
Riscos e prejuízos
A doença atinge algumas regiões de Mato Grosso e causa prejuízos para os pecuaristas, além de ser um grave problema para a saúde pública. No entanto, segundo Bosco, o risco é mínimo para o ser humano. Ele alerta que o grande problema não estaria na ingestão da carne contaminada, mas sim o contato que o produtor possui durante o manejo. "Os produtores acabam tendo contato com a baba do gado e, por ser espumosa, é contaminado. Se isso acontecer, a pessoa deve procurar um Centro de Saúde e receber a vacinação", disse.
O município de Guiratinga possui cerca de 134 mil cabeças de gado. O produtor pode adquirir a vacina nas casas agropecuárias por um valor mínimo. "É importante para o pecuarista realizar a vacinação pois quem perde são eles". De acordo com o Indea, os municípios que apresentam mais focos da raiva bovina são os localizados na região sul e sudoeste de Mato Grosso. (KM)