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Mais da metade dos professores não tem computador

Maristela Brunetto e André Felipe / Campo Grande News - 25 de maio de 2004 - 09:02

Mais da metade dos professores brasileiros não têm computador e 59,5% sequer utilizam correio eletrônico. A exclusão digital pode estar ligada à condição financeira dos professores. Em um tempo em que o conhecimento da informática é pré-requisito na formação, só 3% dos que recebem salário mínimo têm computador.
A maioria dos professores não navega na Internet (58,4%) nem se diverte com o computador (53,9%). É o que consta em pesquisa feita pela Unesco e divulgada nesta segunda-feira em Brasília. O estudo foi feito em parceria com o Ministério da Educação, Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Instituto Paulo Montenegro e Editora Moderna e ouviu 5 mil professores das redes pública e particular em todo o Brasil.
Embora não haja informações estratificadas, a constatação da exclusão da tecnologia também se aplica em Mato Grosso do Sul, segundo a presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação), Mara Carrara. Ela explica que os professores não têm condições de comprar computador e apenas o utilizam na escola onde lecionam.
Ela lembra que há um projeto da Secretaria Estadual de Educação para ensinar informática aos docentes. Nas escolas estaduais da Capital, informou, há sala de informática. As do interior, segundo Maria Ângela Fachini, gestora do ensino fundamental da Secretaria Estadual de Educação, estarão recebendo os equipamentos e os professores serão capacitados. Por enquanto eles têm de usar os computadores das secretarias das escolas, destinados a fins administrativos.
Outra realidade apontada pela pesquisa que se reproduz em Mato Grosso do Sul: a dificuldade dos professores em ter acesso a eventos de lazer e culturais. Segundo Mara, no tempo livre os professores acabam estudando e com livros fornecidos pelo próprio poder público. “No Brasil livro é muito caro”, justificou.
Pela pesquisa, os professores se ocupam mais com o lazer “doméstico”. TV é opção no tempo livre para 74,3% dos docentes e 52,0% declararam que ouvem rádio diariamente. O cinema é uma alternativa raras vezes ao ano, assim como eventos esportivos.
A professora Lourdes Pessoa Fontoura, 40 anos, disse que já trabalha há 20 anos na educação e lembra que conhecer o universo da informática é um desafio. Ela destacou que no começo acabou tendo um pouco de resistência, mas agora sabe que a informática deixou de ser luxo e passou a ser uma necessidade, um importante instrumento dentro da sala de aula. Para ela, apesar de todas as dificuldades, entre elas os baixos salários, o trabalho é compensador, pois é feito com muito amor e carinho.
De acordo com a professora Ana Maria Guedes Vilela, 42 anos, o principal obstáculo é a falta de estimulo do professor para buscar capacitação, pois o educador com o baixo salário acaba não tendo condições de pagar cursos de aperfeiçoamento e o governo do Estado começou a entender somente agora a importância de treinar melhor os profissionais da educação. Ela trabalha há 18 anos na Escola Estadual Maestro Frederico Liedermann, no bairro Monte Castelo, em Campo Grande, e ressaltou que nunca pensou em desistir da profissão. “Apesar dos poucos recursos, nunca pensei em desistir da profissão. Tenho amor no meu trabalho”, afirmou.
Já o diretor da escola, professor Fernando Rogério Rodrigues, acredita que hoje falta uma política pública para estimular a aquisição de computadores pelos professores. Ele explicou que não basta apenas capacitar os educadores, pois a informática deve ser realidade na vida dos educadores, sendo um instrumento importante na troca de experiência e no aprendizado tanto do aluno quanto do professor.

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