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Maioria dos brasileiros que vivem na Europa é irregular

Ana Luiza Zenker /ABr - 17 de julho de 2008 - 09:03

Brasília - Assim como ocorre com os brasileiros que buscam uma situação financeira melhor nos Estados Unidos, também na Europa é expressivo o número de migrantes que não têm documentos, tanto em Portugal, onde a migração já é mais antiga, quanto nos destinos mais recentes, como Espanha e Inglaterra, ou mesmo na Itália, onde grande parte dos imigrantes brasileiros são descendentes de italianos.

“No caso da Europa, a grande maioria de brasileiros que estão lá é migrante irregular, eles não têm a permissão de trabalho ou mesmo o visto para uma permanência mais longa do que aqueles três meses que são conhecidos como o visto de turista”, diz o professor Duval Fernandes, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).


Com um nível de instrução que, em geral, é superior ao da média no Brasil, os brasileiros que buscam os países europeus ainda almejam um salário melhor. Segundo Fernandes, um dos principais projetos dos migrantes é conseguir dinheiro para construir sua casa própria ou abrir um negócio no Brasil, e “caso ele consiga ficar mais de dois, três anos, conseguir a permissão de trabalho e aí ter a sua situação regularizada”.

Mas isso não quer dizer que todos os brasileiros vêem a Europa como um lugar para se viver, de fato. Como exemplo, o professor cita a resposta que uma senhora brasileira deu ao ser questionada sobre o que era para ela morar na Espanha: “Aqui a gente vem para ganhar dinheiro e ficar trabalhando; para viver, eu tenho que ir para o Brasil, porque aqui eu não tenho vida, só trabalho e ganho dinheiro”.

De acordo com o professor, além da irregularidade migratória, um dos principais problemas enfrentados pelos brasileiros é a discriminação, em diversos setores da sociedade européia. “Em um levantamento que nós fizemos, vimos que, por exemplo, praticamente 40% das pessoas que são impedidas de entrar em Portugal são brasileiras e evidentemente os brasileiros não são 40% das pessoas que descem nos aeroportos.”

No entanto, ele ressalta que não há muito o que o governo brasileiro possa fazer para mudar esse quadro. Com isso, o que se destaca como demanda dos migrantes é a melhoria do atendimento consular, como o aumento do tempo de expediente. Fernandes afirma que ainda falta uma postura do governo, “de ver que o Brasil não é um país mais de imigração, é um país de emigração”.

No que diz respeito à nova lei de imigração aprovada na União Européia, o professor acredita que ela só vai começar a ser aplicada em 2010. Para ele, pode haver, sim, alguma redução, ou um desestímulo à migração. “Mas nós devemos lembrar que a legislação americana é muito pior do que essa, e mesmo assim brasileiros estão tentando chegar aos Estados Unidos, até atravessando de maneira ilegal o México”.

Duval Fernandes destaca também que o retorno de brasileiros que não são aceitos na Espanha, que ganhou a mídia brasileira nos últimos meses, já vinha sendo percebido desde 2007, e só começou a chamar a atenção porque o país começou a devolver também pessoas de classes média e alta.

O professor diz que essa é uma situação comum a vários países, com pessoas de várias nacionalidades, e se tornou patente na Espanha porque o número de brasileiros que vivem lá tem crescido. Segundo ele, esse aumento é de 30% ao ano, "talvez uma das maiores taxas de crescimento de todas as comunidades de estrangeiros na Espanha”.

De acordo com o professor, outro destino que tem sido muito procurado é a Inglaterra. “O sonho de consumo do brasileiro europeu é ir para a Inglaterra e trabalhar lá.”

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