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Geral

Mãe , por Nilton Bustamante

09 de março de 2004 - 07:52

MÃE


Mãe!

Mãe Terra. Sim o planeta também é mãe.

Ao semear o solo fértil, faz rebrotar a vida em milhares de outras.

Os ciclos, as estações, tudo coopera em favor da eclosão da continuidade da vida.



Mãe Terra, que acolhe as mulheres, suas dignas parceiras, que nos úteros abrigam o óvulo fecundo, cheio de vida.



Neste planeta feminino, as mães são as jardineiras cuidando do bem maior.


Mãe Terra, matriarca.


Bendita é a mãe Terra, com suas cicatrizes que registram a ingratidão dos homens; da mesma forma a mulher-mãe também possui cicatrizes profundas causadas pela ingratidão. Mas mesmo quando maltratadas reservam um traço de esperança, contando que a renovação da espécie como da vida são impulsionadas por uma vontade divina que a tudo compreende e releva, sobrepondo-se a todos e ao próprio tempo.



Bendita a mãe que luta e foge da insânia dos “faraós” para preservar a vida de seu filho. E os “faraós”, os “césares”, os “herodes”, dos tempos contemporâneos são a fome, a miséria, a doença, a desagregação social, as drogas, a deterioração dos bons costumes, a mercantilização da fé,...



Bendita é a mãe que sofre com seu filho pregado na cruz da vida.



Bendita é a mãe que ora pelo seu filho e que não dorme enquanto não o vê retornar ao lar são e salvo.



Bendita é a mãe que alimenta seu filho com o néctar da vida, ensejando os melhores sentimentos, sonhos e destino.



Bendita é a mãe que marca com seu amor, mesmo em áridas almas pagãs de filhos perdidos.



Bendita é a mãe que tem consciência da responsabilidade do “dom” da vida, que se esmera na educação e orientação dos seus filhos, impondo limites e repreendendo séria e energicamente quando se desviam pelos atalhos sem saída - que só levam a lugar algum e decepções amargas.



Mulher mãe, seu corpo é seu universo. É a própria representação do nosso planeta Terra.



Tão bendita tu és, mulher-mãe, que Deus confiou a ti a divindade da criação. Feliz aquela que, no retorno, entregar seu filho a Deus, melhor do que quando o recebeu.



Que confortante é seu colo, alcova mais segura e serena, que faz adormecer na mais profunda confiança a criança que se recolhe e se entrega.



Bendita quando adota um filho. Sublime quando adota não um corpo, mas a alma que há nele.



Benditas são as mães que choram pelos seus filhos nos presídios, nos cárceres, nas masmorras. Os erros, as falhas, podem ser de um, ou de outro, ou de ambos; podem estar chorando as conseqüências de graves faltas tanto na orientação, como no aprendizado. Mas, se Deus confiou um ao outro, é porque a Sua Sabedoria de Pai Celestial nos faz ver que a boa educação leva uma vida inteira e o grande aperfeiçoamento em muitas outras vidas. Todo o esforço é válido.



Benditas são as “loucas da Praça de Maio”, empunhando cartazes de seus filhos desaparecidos pela violência da intolerância ideológica.



Benditos são os seios maternos africanos, nordestinos, de terceiro-mundo, quando não têm mais nada a oferecer aos seus filhos, nem mesmo a esperança. Não se pode criticar vivendo “fora desses cenários”.



Benditas são as Marias, as Lurdes, as Aparecidas, as Fátimas, todas as Senhoras.



Benditas as amas-secas, as amas-de-leite e as madrastas, sinceras, e as lobas com seus Remos e Rômulos.



Há mães que não geraram vidas em seus úteros, às vezes inférteis, mas em suas almas souberam prover o mais necessário para seus filhos: o amor!



Nos berços de ouro, na caminha improvisada, até mesmo na manjedoura, a verdadeira mãe sabe que o tesouro maior é o seu filho.



A mãe consegue ver em seu filho o traço de anjo, onde outros olhos só vêem o feio, o grotesco, a miséria, os crimes. A mãe vê com os mesmos olhos do Criador.



Devemos nos conscientizar que mesmo aquele mais degenerado, desregrado, atrasado, em todos os aspectos, criminoso bestial, ainda assim, têm uma semente sagrada adormecida em sua essência, pois é fruto do Perfeito, Obra de Deus.



Tudo que Deus cria é bom, temos que fazer nossa parte, nos esforçando para o grande crescimento.



Não importa quantos caminhos errados, quantas máculas a carregar, todos um dia seremos perfeitos, próximos de Deus, a zelar pelo Universo, expandindo a Obra Divina. Por isso, não nos cabe o direito de instituir a pena de morte contra quem quer que seja, pois se aquele “ser” veio “nascer” entre nós, foi por uma providência divina. Todos têm o direito de evoluir. Se há seres que não conseguem conviver em sociedade, isole-os, mas com cuidados saneadores para reformarem-se, se possível, nunca aniquilá-los pelo ódio, pela vingança revestida de justiça. Todos estamos errando, a cada dia, a cada momento, pensamentos e atos inconfessáveis. Quem de nós, honestamente, está limpo de todas as culpas? Se assim fora não mais estaríamos nesse “vale reformatório”. Estamos todos aprendendo uns com os outros.



Um dia vendo um filme bíblico, ainda adolescente, me revoltei profundamente a ponto de desejar a morte sumária de todos aqueles que apedrejavam, amaldiçoavam, humilhavam e por fim felicitavam-se pela condenação e morte de Jesus.



Quando, de súbito, uma voz interna, providencial, perguntou-me:



“- E se uma daquelas pessoas que foram agora condenadas à morte pela sua boca fosse você em tempos passados? Continuaria, ainda assim, o seu veredicto?



E o que o torna melhor do que aqueles algozes, se tu, como eles, sentenciou em cego ódio?”



Confesso que fiquei paralisado e nada pude responder.



Se Deus constituiu uma vida, que direito temos para destituí-la?



Bendita é a vida!



Bendita é a mulher!



Bendita é a mãe que gerou seu filho não no útero, mas em sua alma!



E às mulheres-mãe que falharam desgraçadamente, que abortaram, que não aceitaram o filho deficiente, que jogaram no lixo a criança indefesa, que se aprimoraram na plástica do corpo enquanto a alma se afeava, a nossa oração.






Autor: Nilton Bustamante

São Paulo, Brasil

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