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Lula: terceiro mandato está fora de cogitação

Ana Luiza Zenker /ABr - 18 de setembro de 2008 - 09:44

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem (17), em entrevista ao programa 3 a 1, da TV Brasil, que não pretende concorrer a um terceiro mandato em 2010. "Eu tenho na minha biografia gestos que me fazem não ficar embevecido por um mandado", disse Lula.

Perguntado sobre o que não conseguiu ainda fazer nos seus mais de cinco anos na Presidência, Lula preferiu destacar o que conseguiu fazer na educação, uma de suas prioridades. "Educação foi uma das minhas prioridades, e quando eu terminar o governo, eu que não tenho diploma universitário, vou passar para a história como o presidente que mais fez escolas técnicas em oito anos do que fizeram em cem anos neste país", afirmou.

Confira abaixo o trecho final da entrevista do presidente Lula.

TV Brasil: O senhor tinha um time aqui na Esplanada dos Ministérios que foi desfalcado de dois jogadores de primeira linha, o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Depois de tudo o que aconteceu com os dois, qual é a opinião e avaliação que o senhor faz dos seus antigos companheiros do PT?
Luiz Inácio Lula da Silva: Antigos não, companheiros. O fato de eles não estarem no governo não mexe na minha relação de amizade. Aliás é uma coisa que prezo, que eu carrego para o fim da vida, porque ninguém me obrigou a ter amizade, amizade é uma coisa que a gente escolhe. A saída dos dois apenas mostrou para a sociedade que ninguém é imprescindível. Que ninguém é insubstituível. De vez em quando, não só agora que eu sou presidente, mas quando eu não era presidente, via nos jornais assim: porque tal pessoa é imprescindível. Não existe isso, nós substituímos os dois porque era necessário substituir. As pessoas que estão no lugar deles estão dando uma demonstração extraordinária e os dois companheiros estão reconstruindo suas vidas. É assim que tem que ser a vida, não tem outro jeito.

TV Brasil: Depois de praticamente cinco anos e meio que o senhor está exercendo a Presidência, o que o senhor acha que deixou de fazer, que não conseguiu de fazer e que acha que ainda dá para fazer nesse segundo mandado?
Lula: Se você for procurar alguma coisa que falta fazer, sempre vai faltar. O importante é que para governar, você tem que definir prioridades. Não tem dez prioridades, ou você escolhe duas ou três e executa, ou você passa pelo governo e faz um monte de coisas que ninguém percebe. O que nós fizemos: educação. Educação foi uma das minhas prioridades, e quando eu terminar o governo, eu que não tenho diploma universitário, vou passar para a história como o presidente que mais fez escolas técnicas em oito anos do que fizeram em cem anos neste país. Desde a primeira de 1909 até 2003 foram 140 escolas técnicas profissionalizantes. Eu vou fazer em oito anos, 214 escolas técnicas profissionais. Estamos fazendo dez universidades federais novas. Tem quatro no Congresso para ser aprovadas e passa a ser 14. E estamos fazendo 95 extensões universitárias. Criamos o Prouni, que já colocou 435 mil jovens na universidade e o com o vestibular deste ano serão mais 100 mil. Vamos para 500 e poucos mil jovens pobres, da periferia, nas universidades. Fizemos o Reuni, que vai colocar mais de 400 mil jovens na universidade até 2010 e só para vocês terem idéia, em 2003, a universidade brasileira renovava cerca de apenas 113 mil vagas e este ano vai renovar 227 mil vagas das escolas públicas federais.

TV Brasil: O senhor descarta categoricamente a tese do terceiro mandato?
Lula: Deixa só eu terminar essa coisa do esquecimento, do que falta fazer. Nós tivemos que dar prioridade. A outra prioridade minha era fazer a economia crescer. Alguns falam sorte, sorte não. A indústria naval brasileira está acontecendo por decisão do governo. A Petrobras deixou de investir US$ 250 milhões por ano em pesquisa, para investir US$ 250 milhões por mês, por decisão do governo. Então o que é consignado hoje de empréstimo ao maior número de pessoas físicas no país é por decisão do governo. As coisas não acontecem por acaso. Obviamente eu quero ter sempre sorte e por isso o Brasil está dando certo. Certamente quando eu terminar o mandato eu vou lembrar de muitas coisas que não fiz, mas também vou lembrar de muitas coisas que nós conseguimos executar. Porque tem uma equipe boa que trabalha, todo mundo aprendeu. O PAC [Plano de Aceleração do Crescimento] era para a gente ter lançado antes das eleições de 2006 e nós decidimos que íamos lançar no início do ano. Qual era minha preocupação? O que nós iríamos fazer no segundo mandado? Era me perder na mesmice do primeiro. Então falei, temos que fazer uma novidade. A novidade é o PAC, que está dando trabalho para todos nós até 2010. Nunca antes na história deste país teve tanto dinheiro federal em todas as prefeituras deste país. Pode procurar uma prefeitura, pode procurar o [prefeito Gilberto] Kassab em São Paulo. Do PSDB, em qualquer outro estado, nunca na vida eles receberam a quantidade de dinheiro que nós estamos mandando para esses municípios.

TV Brasil: Nunca teve terceiro mandado também.
Lula: Eu penso que democracia é uma coisa tão séria que a gente não pode brincar com ela. Daqui a pouco alguém quer o terceiro mandato, o quarto mandato, o quinto mandato. Está de bom tamanho. Eu era a favorável a um mandato só. Eu acho que quatro anos é muito pouco para executar um programa. Com mandato de quatro anos se você começar a fazer um projeto para construir uma hidrelétrica, você termina o mandado e não consegue a licença prévia do Ibama ainda. Ou talvez o Ministério Público proibiu. É preciso ter um tempo para executar um programa. E eu já tive meu tempo. Com a graça de Deus, sou agradecido todo dia por estar dando certo as coisas. Que venha outro e que faça mais. A única coisa que vou dizer é o seguinte. Quando eu terminar o meu mandato, tudo o que nós tivermos feito, eu vou registrar em cartório. Quem entrar no meu lugar vai receber tudo o que foi feito no meu governo, tudo que está contratado, quantos metros de obra estão feitos. Vou deixa lá sabe por quê? Porque eles vão dizer assim: 'Se aquele torneiro mecânico que não foi nem à universidade fez tudo isso, eu tenho que fazer mais'. Porque aí ele vai ser obrigado a fazer mais do que eu. Essa é uma coisa boa, uma coisa extraordinária, e eu aprendi isso trabalhando em linha de produção. A gente vê um companheiro fazendo uma coisa e a gente quer fazer mais do que ele.

TV Brasil: O senhor registraria em cartório também a decisão de não concorrer ao terceiro mandado consecutivo?
Lula: Não preciso registrar em cartório, mas se fosse o caso, eu registrava. Eu vou dizer um exemplo para você: quando eu podia ser candidato o tempo que eu quisesse no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP), quando eu fui reeleito em 1978, eu convoquei uma assembléia e decidimos que o presidente do sindicato não poderia ser eleito mais que duas vezes. Portanto, meu caro, eu tenho na minha biografia gestos que me fazem não ficar embevecido por um mandado. Porque os mesmos que ficam brigando que querem terceiro mandado quando você está bem nas pesquisas são os mesmos que não vão querer quando você estiver mal nas pesquisas. Então, eu aprendi a andar com os pés muito assentados no chão. Eu tenho um remédio contra a mosca azul a minha vida inteira, e portanto eu sou tranqüilo. Eu termino meu mandado no dia 31 de dezembro de 2010 e no dia 1º, estarei passando a faixa para quem estiver na presidência.











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