Brasília - O jornalista Murilo Antônio Carvalho recebeu, em Frankfurt, na Alemanha, prêmio no valor de 100 mil euros pelo livro O Rastro do Jaguar. Idealizado pelos portugueses Manuel Alegre, Nuno Júdice e José Carlos Seabra Pereira, o Prêmio Leya de Literatura tem o objetivo de valorizar os autores que contribuem para a difusão da língua portuguesa no mundo.

Jornalista desde os 18 anos – hoje tem 60 –, Carvalho foi repórter, nos anos 70, do jornal Movimento, que era rodado na clandestinidade durante a ditadura militar. Há 18 anos, ele dirige um programa de televisão que relata o cotidiano dos caminhoneiros do país. Foi circulando o Brasil por causa desse e de outros trabalhos que ele disse ter encontrado inspiração para O Rastro do Jaguar.

“Sou um repórter viajante desde o início da minha carreira. Um romance como esse, que, no fundo é, na verdade, uma grande viagem, teve, sim, influência dessa vida que eu levo. Dentro dele, posso sentir pedaços de outros livros que já escrevi, de reportagens sobre índios, sem-terra e gaúchos perdidos na fronteira. Há uma série de interligações que resultaram nesse livro”, conta o autor, cuja premiação foi anunciada na última quarta-feira (15).

O Rastro do Jaguar tem como pano de fundo a Guerra do Paraguai e, para ser concluído, foram necessárias visitas do autor a países europeus para fazer pesquisas, além de viagens à Argentina, ao Uruguai e ao Paraguai.

“Foi uma surpresa. Primeiro porque é um prêmio muito grande, internacional, ao qual concorreram mais de 400 escritores, com uma comissão julgadora muito sofisticada. Fiquei não só muito surpreso, mas muito grato. É legal ver um trabalho reconhecido e que demorou tanto tempo para ficar pronto, e a gente, aqui no Brasil, tem muita dificuldade para editar romances”, diz.

Mineiro de Carvalhópolis, Murilo Antônio Carvalho mora em Poços de Caldas (MG) e já publicou oito livros desde 1976. O Rastro do Jaguar foi o seu primeiro romance.