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Língua portuguesa, inculta e bela, por Alcides Silva

Alcides Silva - 29 de novembro de 2012 - 15:43

Megassena

A quase unanimidade dos jornais de domingo passado, 25 de novembro de 2012, noticiou que “População de Araxá está curiosa para conhecer ganhadores da Mega-Sena. Prêmio de R$ 33,8 milhões saiu para um bolão de cinco cotas”. É que o bilhete sorteado é daquela cidade mineira.
Bela bolada; invejo-os na sorte, se bem que não costumo participar de jogos de azar. O que me preocupa aqui é que vi na notícia - e até no título da matéria - a palavra megassena escrita com os dois elementos que a compõem – mega e sena -, unidos por hífen.
No meu entender não está correto.
Não se usa hífen nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por R ou S, devendo estas consoantes duplicar-se: antirreligioso, antissemita, contrarregra, contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, biorritmo, eletrossiderurgia, microssistema.
Em palavras compostas pelos prefixos mega, mini, micro, macro ou maxi jamais se usa hífen: megalegoria, megainsvestidor, megassena, megassismo (terremoto de grande intensidade), minissaia, maxicasaco, microcéfalo (cabeça pequena), maxidesvalorização, microcomputador, microempresa, microprocessador, microssaia, minibiblioteca, maxissaia (aquela que chega ao tornozelo), macroeconomia, macrorregião, macrossomia (dimensão exagerada do corpo), microrregião, minissaia, minivestido, minicomício, miniovo, minirreforma, dentre outras.
O hífen, sinal gráfico representado por um pequeno traço (-), é usado:
1 – para ligar os elementos de palavras compostas ou derivadas por prefixação: ex-diretor; couve-flor; pré-escola; super-homem;
2 – para unir pronomes átonos a verbos: deram-me, amei-a, far-lhe-ei; e
3 – para no fim da linha, separar as palavras em duas partes: candida-to, candi-dato, can-didato.
O emprego do hífen é meramente uma convenção. Não tem justificativa lingüística.
Um princípio estabelecido pelo “Formulário Ortográfico”, da Academia Brasileira de Letras, determina que “só se ligam por hífen os elementos das palavras compostas em que se mantém a noção de composição, isto é, os elementos das palavras compostas que mantém a sua independência fonética, conservando cada uma sua própria acentuação, porém formando o conjunto, perfeita unidade de sentido”.
Assim como não admito a tal ‘mega-sema’, não me desce o imposto ‘santa-fé-sulense’.porque não vejo a propalada ‘independência fonética’.
Lembre-se: quando a prefixação se iniciar pelos elementos mega, mini, micro ou maxi jamais se utiliza o hífen, mesmo que a palavra seguinte comece com vogal ou com as consoantes h, r ou s.
O assunto não se extingue aqui.

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