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Geral

Língua portuguesa, inculta e bela, por Alcides Silva

Alcides Silva - 27 de março de 2013 - 10:12

“Faz um 21”

O técnico Luiz Felipe Scolari que na partida futebolística de segunda-feira, dia 25, pretendia transformar os questionamentos que tinha sobre a formação ideal da seleção brasileira em certezas, deve ter deixado o Estádio
Stamford Bridge, de Londres, com mais dúvidas ainda. O Brasil sofreu para empatar por 1 x 1 com a Rússia (gols marcados por Fayzulin e Fred, no segundo tempo), não mostrou evolução e ainda ouviu algumas vaias do público londrino.

E nós, os telespectadores da Globo, éramos de minuto a minuto incentivados por banners a realizarmos ligações telefônicas interurbanas através de determinada empresa. Até parecia que aquele repetido apelo “Faz um 21” fosse o ‘dono da bola’.

Até bem pouco, a mais que bela Ana Paula Arósio, com voz melodiosa e cativante, era quem nos sugeria a utilização dos serviços de telefonia interurbana com o seu delicioso “Faz um 21”. Hoje são frios painéis eletrônicos em dia de futebol quase medíocre.

Sei que para os publicitários, a criatividade deve estar acima da linguagem formal, do padrão culto, do certo (bem) ou do errado (mal) e que a sonoridade de uma frase muitas vezes justifica o atropelo gramatical.

A finalidade é incutir no ouvinte ou leitor, destinatário da propaganda, a mensagem do anúncio. Esse objetivo, porém, justificaria a ausência de lógica ou a falta de concatenação das idéias?

Nem sempre, porém, a mensagem publicitária foi de vocabulário mediocrizado: “Melhoral, melhoral, é melhor e não faz mal!” é um exemplo típico dos tempos em que a correção do texto era um dos pressupostos da propaganda.

Hoje, em nome de uma tal de globalização (banalização, diríamos melhor), a sintaxe que se arda!

Ana Paula Arósio convida “Faz um 21”; o banco chama, “Vem pra Caixa você também”.

“Faz um 21” é uma forma imperativa na terceira pessoa do singular, como também o é o “Vem pra Caixa”, pois os verbos ( ‘fazer’ e ‘vir’) estão exortando o ouvinte ou leitor a cumprir a respectiva ação por eles indicada. Ora, a terceira pessoa do imperativo deriva de igual pessoa do presente do subjuntivo: que ele faça, que ele venha.

Então o correto seria: “Faça um 21” e “ Venha para a Caixa”. Se cuidássemos melhor de nosso falar, de nossa língua, talvez tivéssemos de novo o esplendor do futebol-arte que empolgou multidões décadas atrás.

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