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Lingua Portuguesa Inculta e Bela - Por Alcides Silva

22 de dezembro de 2006 - 08:16

Na antiga civilização romana havia um dia de repouso em honra aos deuses-lares. Os povos antigos cultuavam seus mortos, divinizando-os. Como aquele dia era de oferendas aos antepassados e elas eram levadas ao altar doméstico em uma padiola (em latim feretrum), esse dia de repouso passou a ser chamado de feriae ou feriatus (= o que está em descanso). De dia de descanso, o feriatus evoluiu para dia de festas, quando a população comemorava, inicialmente, as vitórias bélicas e depois, qualquer conquista ou acontecimento importante.
Nesses dias de festas, povo na rua, era comum os mercadores irem à praça pública vender suas mercadorias. E a féria, de significação religiosa, virou feira, de conotação comercial.
Ao depois, no século III da era cristã, o imperador Constantino, com a reforma do calendário, acrescentou o nome feria (pronúncia com o e aberto); Prima feria, secunda feria, tertia feria, quarta feria, quinta feria, sexta feria e septima feria. No século seguinte, o prima feria foi substituído por Dominicus dies (dia do Senhor) e o septima feria, por Sabbatu. Mais tarde, já na Idade Média, o ‘féria’ do secunda à sexta que compunha a denominação dos dias da semana, passou a ser feira.
Entrar de férias ou entrar em férias?
Tanto faz. Ambas as formas são corretas. Não se preocupe com a preposição. Todavia, jamais use a palavra “féria” para significar “dias e descanso, dias de repouso”, nem que as férias se resumam a um único dia. Féria, no singular, significa dia da semana, soma dos salários de uma semana, o que diariamente se apura na venda de um dia, jamais, porém, descanso.
Os funcionários confraternizam-se.
Não. Os funcionários, os que trabalham numa mesma empresa ou repartição pública, costumam realizar festas de confraternização nos finais de ano, ou antes do início das férias coletivas, mas não “confraternizam-se” (ou “se confraternizam”), porque a idéia de reciprocidade, de permuta, de companhia, de correlação já está contida no prefixo con. Essa palavra (con + fraternizar) significa unir como irmãos, conviver ou tratar fraternalmente.
Feliz ano novo!
E já que estamos falando em férias e descanso, coincidentes com o final do ano, a expressão tão comum na época “Feliz Ano Novo”, analisada à luz da gramática, contém um pequenino erro. A ordem dos termos na oração é importante, pois em “Feliz ano novo!” não se sabe em até que parte do ano valem tais votos de felicidades, porque a partir de julho o ano vai ficando velho... O correto seria alterar-se a ordem da colocação das palavras na frase e dizer-se: Feliz novo ano! Dessa maneira, os votos valeriam para o ano inteiro.
Diante disso, querido leitor, Feliz Natal e próspero Novo Ano!

Ps. Esta coluna não será publicada nas duas próximas semanas. Este escrevinhador entrará em vacaciones (férias, como dizem os espanhóis).

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