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Língua portuguesa, inculta e bela

Alcides Silva - 21 de novembro de 2013 - 17:15

Língua portuguesa, inculta e bela

Porisso e por isso

É de dever informar logo de início que Porisso é erro de grafia, palavra inexistente em língua portuguesa, embora Napoleão Mendes de Almeida em sua “Gramática Metódica da Língua Portuguesa” (8ª ed., p 292) a defenda com unhas e dentes: Diz ele: “Porisso compõe-se de por + isso; vêm os dois elementos ligados, quando conjunção conclusiva: “Vou sair, porisso (= portanto_ tenha juízo”. Caso contrário, os elementos por e isso vêm separados: “Não foi por isso que o despedi – “Nem por isso (= nem por esse motivo, nem por essa coisa”.
Em “Dicionário de Erros, Correções e Ensinamentos de Língua Portuguesa”, edição de 1955, o mesmo linguista volta, no verbete ‘Porisso’ (p. 212), a expor seu entendimento: “Claro que não se deverá escrever porisso, numa só palavra, se distintas forem as funções léxicas dos elementos em apreço, ou seja, quando por for preposição, e isso pronome demonstrativo neutro: “Não foi por isso que o despedi”- “Se não der certo, não ficarei magoado por isso”- “Nem por isso”.
“De maneira incisiva mas sem nenhuma discriminação de função oferecer, Vasco Botelho de Amaral manda que se escrevamos em forma de locução: “Evidentemente deve escrever-se por isso, e não porisso, erro de grafia, como se grafa por isto, e não poristo, nem poraquilo”.
E prossegue Napoleão Mendes de Almeida “A comparação não vem ao caso, uma vez que nem poristo nem poraquilo existem com valor conjuncional. Ao contrário de condenar, a comparação demonstra o acerto da grafia analítica por isso quando a cada palavra couber valor léxico próprio; valesse ela para o caso de exercer a palavra função conclusiva, não poderíamos escrever portanto sinteticamente. Se escrevemos ”Por tanto dinheiro não comprarei”, e: “Está chovendo, leve portanto a capa” – é porque no primeiro caso por (preposição) e tanto (adjetivo) guardam particular função léxica, o que no segundo exemplo não se dá, caso em que o composto perdeu o valor dos elementos para, numa s[o palavra, funcionar como conjunção coordenativa conclusiva.
Quando nitidamente porisso funcionar como conjunção, ou seja, quando equivaler a conseguintemente, pois, portanto, não vemos o que nos impeça escrevê-lo numa só palavra”.
Para o Dicionário Aurélio, a locução por isso significa em vista disso; por esse motivo: "Alguns anos vivi em Itabira. / Principalmente nasci em Itabira. / Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro." (Carlos Drummond de Andrade, Reunião, p. 45.)

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