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Geral

Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 17 de dezembro de 2004 - 13:59

Os modismos são muito comuns na linguagem escrita. Volta e meia uma palavra é eleita como coringa, serve para tudo. Teve um tempo que a expressão “inserido no contexto” se introduzia em tudo.
Não se trata de certo ou errado. Verbos há que viram moda, como agora se dá com o definir, que a imprensa está empregando abusivamente. Eis alguns exemplos que, mostram o empobrecimento vocabular:
“Definidas as bandas que tocarão no Baile do Hawai”
“Nova lei define a possibilidade de penas alternativas”
“A data da inauguração ainda não definida”
“Câmaras definiram seu novos presidentes”
“Polícias ainda não definiu os autores do crime”
Por que não, ao invés do maltratado definir, sinônimos mais acertados como decidir, estabelecer, escolher, determinar, fixar, marcar...?
Por que não escolhidas as bandas; nova lei estabelece a possibilidade de penas alternativas; a data da inauguração ainda não foi marcada ou fixada; Câmaras escolheram seus novos presidentes; polícia ainda não descobriu os autores do crime?
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outro verbo usado e abusado é o ter em substituição ao haver (=existir).
“Tem um parágrafo na lei que autoriza o horário especial de funcionamento das farmácias” (melhor construção é Há um parágrafo...”
“Semana terá rodeio” (melhor construção seria: “Na semana haverá rodeio”).
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E as redundâncias como ganhar inteiramente grátis, ou o nível dos alunos está degenerando para pior, ou, ainda foram criados novos modelos, ou este outro o jogo foi antecipado para antes da data marcada, ou ainda este outro ele encarou de frente?
Ganhar só pode ser grátis e ninguém pode ganhar alguma coisa parcialmente grátis. É impossível degenerar para melhor. Não se cria velhos modelos. O difícil seria jogo ser antecipado para depois ou alguém encarar de costas! Concorda?
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Amar é verbo transitivo, já o dizia Mário de Andrade. Transitivo direito como se fala hoje. Isso significa que ele quer um objeto direto. Vale lembrar Drummond:
“Quadrilha”;
“João amava Teresa que amava Raimundo / que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili / que não amava ninguém./ João foi para os Estado Unidos, Teresa para o convento,/ Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, / Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes / que não tinha entrado na história.”
Assim eu a amo e não eu lhe amo, como volta e meia tem saído nos “recadinhos” do jornal. Mas isso fica para um próximo comentário.

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