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Geral

Língua Portuguesa, inculta e bela

Alcides Silva - 12 de setembro de 2013 - 17:26

Língua Portuguesa, inculta e bela

Todo ou todo o?


Todo é pronome indefinido, isto é, determina o substantivo de modo vago, indeterminado, impreciso e seu sentido varia conforme esteja colocado na frase.
Sem o artigo tem a significação de um, cada, qualquer:
“Trabalho todo dia (=qualquer dia, cada dia).
“Toda população tem interesse num bom governo” (= qualquer população).
“Toda casa um dia precisa ser reformada” (= qualquer casa).
Com o artigo significa inteiro ou determinado:
“Toda população tem interesse num bom governo” (= qualquer população).
“Toda a população deve ser consultada” (= determinada população).
“Toda casa um dia precisa ser reformada” (= qualquer casa).
“Toda a casa precisa ser reformada” (= a casa inteira).
Se alguém chega num lugar e beija todas as pessoas que ali se encontram pratica um ato simpático, de civilidade, de afeição. Ao contrário, se beijar “toda pessoa” poderá ser preso por libidinagem...
Se a palavra todo aparecer depois de um substantivo e significar “inteiro”, é um adjetivo:
“Andei o dia todo” (=o dia inteiro).
Quando colocado antes de um substantivo e para trazer a significação de “inteiro”, deve vir seguido de um artigo:
“Toda a manhã estive trabalhando” (=a manhã inteira).
Quando modificar adjetivo ou verbo, funciona como advérbio:
“Os cantores foram todos aplaudidos”
“Molhou-se toda na chuva”.
A forma neutra de todo é tudo e funciona como pronome substantivo ou como pronome adjetivo:
“Comeu de tudo” (pronome substantivo);
“Tudo aquilo era verdade” (pronome adjetivo).
Quando seguido de “que” reclama o artigo definido “o” e exerce a função de pronome demonstrativo:
“Tudo o que foi falado era verdade”.
Na Constituição Federal, exprimindo princípio fundamental do Estado Democrático de Direito, ficou declarado que:
“Todo o poder emana do povo!”, significando que o poder em sua plenitude, na totalidade das partes, nasce do povo.
Não há Poder sem o povo, até porque sem ele não haveria Nação e nem existiria o Estado. O homem não é só sujeito, mas também objeto do poder. Dele nasce e para ele é dirigido. Assim poder-se-ia dizer, sem medo de errar, que todo poder nasce do povo, isto é, qualquer poder tem sua origem primeira no homem.
Ao encontro ou de encontro?
Tenho ouvido e lido com certa frequência que a realização de determinada obra ou serviço “veio de encontro à antiga reivindicação do povo”. Se essa obra veio de encontro, está contra a reivindicação popular:
“A decisão do governo veio de encontro aos interesses da comunidade” [foi contrária, em oposição àqueles interesses].
“Desgovernado, o carro foi de encontro ao poste” [houve um choque, uma colisão, uma batida].
“Se aquela benfeitoria foi ao encontro de”, significa estar a favor do anseio da população-alvo: a construção da praça veio ao encontro do desejo do povo” [em benefício, em abono, em condição favorável, em atenção].
“Embriagado o homem foi ao encontro do poste” [‘abraçou’ o poste, segurou-se no poste].
“Ao encontro de” pode significar também em busca de, a procura de:
“Suas preces foram ao encontro de Deus”.
Ir ao encontro de alguém é procurá-lo, aproximar-se de. Ir de encontro a alguém, é chocar-se, bater, esbarrar, trombar.
Ao encontro de é uma expressão usada para indicar concordância. De encontro a é uma expressão usada para indicar discordância.

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