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Geral

Lembranças de viagens de Carlos Pulino

Carlos André Prado Pulino – médico oftalmologista - 22 de julho de 2010 - 07:30

VATICANO III
Ainda no Vaticano, outra coisa que vale a pena conhecer dentro da Basílica da São Pedro é a sua cúpula. Toma-se um elevador para chegar até a sua base, pois é muito alta. Lá em cima tem uma espécie de marquize circundando toda a extensão da cúpula, com uma grade protetora de ferro, onde nos debruçamos e vemos lá em baixo a área central da Basílica, com seu piso de granito lindamente decorado e o altar principal. Chega a dar vertigens por causa da altura. Neste local ocorre um fenômeno interessante: a gente escuta as pessoas falando e não tem ninguém perto! Procuramos e elas estão distantes, mas nós conseguimos ouvir perfeitamente o que estão dizendo, principalmente ao encostar o ouvido nas paredes. Isto ocorre devido à forma arredondada, que tem cerca de setenta metros de diâmetro e às paredes revestidas com pequenas pastilhas. O som reflete em suas paredes e chega até nós com uma nitidez incrível, a impressão é de que as paredes estão falando!

Deste ponto, podemos subir até o topo da cúpula. Basta coragem para enfrentar uma escada estreitíssima, com 320 degraus, circular, e com um só sentido de direção. Há uma escada só para subir e outra só para descer. A gente sobe em fila indiana, porque só cabe uma pessoa na largura da escada, não se pode nem parar para recuperar o fôlego, pois a massa de pessoas subindo nos impele a continuar sem paradas. Temos que inclinar o corpo ao subi-la, pois ela acompanha a inclinação do telhado que vai estreitando cada vez mais. Tem avisos nas paredes recomendando às pessoas mais idosas ou com problemas de saúde que lhes impeçam grandes esforços para que não tentem subir, pois é realmente um sacrifício chegar até o final e não há como desistir no meio do caminho e muito menos como retroceder. A gente chega ofegante e com o coração aos pulos do esforço, mas a vista que nos aguarda lá de cima compensa tudo. Vemos toda a Praça de São Pedro, as pessoas como formiguinhas lá embaixo; as estátuas, os jardins do Vaticano, imensos e lindos; e quase toda Roma. Uma visão incrível e emocionante. O vento ali sopra muito forte devido a altura.

O Vaticano possui ainda um museu que contém documentos raros, pinturas dos mais famosos artistas, esculturas, e uma sala de jóias e presentes recebidos em todo o mundo pelos papas através dos tempos. É um local deslumbrante, com coroas, cetros, anéis com pedras imensas, etc... Parecem as jóias do filme as mil e uma noites.
Outro tesouro do Vaticano é a Capela Sistina, que fica anexa à Basílica. É uma capela bem simples, em tamanho é um pouco menor que a nossa Igreja Matriz de São José, e é nela que os cardeais se reúnem (conclave) para escolher o novo papa e também para coroá-los. É dela a chaminé por onde sai a fumaça branca ou preta, dependendo de ter sido ou não eleito o novo papa. E porque ela é tão famosa e tão comentada? A razão é que ela abriga em suas paredes e em seu teto as pinturas do consagrado artista Michelangelo. Foi inaugurada em 9 de agosto de 1483 pelo papa Sisto IV, e seu nome deriva do nome do papa que a inaugurou. Mais tarde seu interior foi re-decorado a pedido do papa Julio II. Aqui tem outra história interessante, pois este papa incumbiu Michelangelo da decoração, mesmo sabendo ser ele um escultor e não muito familiarizado com as técnicas do afresco, que é a pintura sobre paredes. As tentativas de fugir a encomenda foram inúteis. O santo padre insistia e era influenciado por um outro artista, este um inimigo e rival de Michelangelo e que na verdade só queria ver arruinada a sua carreira. Michelangelo finalmente cede, mas não aceita os andaimes e os ajudantes escolhidos pelo seu inimigo, mandando fazer outros segundo suas próprias idéias. Ele acaba pintando não só a cúpula da capela, mas suas paredes também, resultando uma extensão de 800m² de pintura, o que provavelmente a torna a maior obra prima artística de todos os tempos.

Todo o Antigo Testamento está retratado em centenas de figuras e imagens dramáticas, de vigor e originalidade incomparáveis. Deus é pintado com um corpo musculoso na criação do universo; Adão recebendo do Senhor o toque vivificador de sua mão estendida nos dedos ainda inertes do primeiro homem; Deus conduzindo Eva em seus braços e a apresentando para Adão. A expulsão do Paraíso também é retratada, assim como Noé e o dilúvio Universal, os episódios bíblicos da historia do povo hebreu e os profetas que anunciam o Messias. A gênese do homem retratada na Bíblia e a gênese da ação criadora do homem feito à imagem do seu Criador. Para quem ainda não conhece a Capela Sistina e tem a intenção de conhecê-la um dia, sugiro que não se assuste caso a sua primeira impressão não seja das melhores. Aconselho você a sentar nos bancos laterais de cimento e a observar atentamente o teto e as paredes. Observe com o olhar de quem está vendo uma obra de arte, descubra a grandeza desta obra e perceba que a Bíblia está ali representada por imagens. Tenho certeza de que assim você se dará conta do talento e da criatividade de quem executou e imaginou tudo isso. Creio que a história desta Capela será muito mais fácil de ser entendida depois destes esclarecimentos e, apreciar e curtir esta maravilha se tornará também muito mais agradável. Assim como eu, você também a verá como um todo e notará que a mão de Deus mais uma vez está presente, usando a genialidade de Michelangelo para glorificar o poder dado ao homem.

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