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Geral

Lembranças de Carlos Pulino

Carlos André Prado Pulino – médico oftalmologista - 12 de julho de 2010 - 09:12

ROMA II
Fomos conhecer também o Cárcere Mamertino. Fica embaixo da igreja de S. José dos Carpinteiros, na encosta de um morro. Foi esculpido nas pedras, é um lugar pequeno, úmido, abafado e lúgubre, a gente desce uma escada estreita para chegar nele. Dizem que os apóstolos Pedro e Paulo também foram prisioneiros neste local. É preciso ficar curvado porque o teto é muito baixo e sente-se um desconforto esquisito lá dentro. No chão do interior do cárcere tem uma abertura circular, única entrada que dá acesso ao subterrâneo, local onde eram torturados e mortos por estrangulamento os condenados e os inimigos do Estado.
Uma das igrejas muito visitada pelos turistas é a de São Pedro In Vincoli (acorrentado). Nela estão as correntes que acorrentaram S. Pedro. Nós a vimos, exposta nesta igreja, numa urna de vidro. A história diz que Eudóxia, mulher do Imperador do Oriente, TeodósioII, numa peregrinação por Jerusalém, encontrou aí as correntes que tinham acorrentado o apóstolo Pedro. Parte desta corrente ficou em Constantinopla e alguns elos foram trazidos a Roma e doados ao Papa Leão Magno, que já tinha um outro pedaço de corrente venerada como sendo também parte da corrente que prendeu São Pedro. Ao segurar em suas mãos esta parte da corrente e os elos trazidos de Jerusalém, ocorreu um fenômeno: todos eles soldaram-se milagrosamente diante dos seus olhos.
Está também nesta igreja uma obra de arte muito famosa, já citada em outra lembrança de viagem, a estátua do Moisés, de Michelangelo. Esta é a segunda obra mais famosa deste autor, e a que é considerada mais perfeita de todas. A primeira mais famosa, mencionei quando falei sobre Florença: é a estátua de Davi. Moisés foi uma encomenda do Papa Julio II junto com outras 32 estátuas, mas, devido muitas brigas entre Michelangelo, o papa e seus familiares, ao longo de anos, foi a primeira e a única a ser feita. Foi esculpido em mármore branco, ele está sentado e olha para a esquerda com um semblante carregado e sério. O autor conseguiu imprimir tamanha realidade às feições dele que a gente percebe nitidamente a fúria em seus olhos. É impressionante! Ele segura nas mãos as duas tábuas com os dez mandamentos que Deus lhe entregou no monte Sinai. O rosto irado retrata sua insatisfação no momento em que volta e encontra o povo novamente adorando símbolos pagãos durante sua ausência.
A propósito, cabe aqui fazer uma correção: quando falei da estátua de David, fui traído pela memória, ao citar que Michelangelo disse “Parla” ao terminá-la. Na verdade, foi ao terminar a escultura do Moisés que ele disse isso, pois é esta na verdade a sua obra mais perfeita.
Outra informação que faltou foi a de que o bloco gigantesco no qual a estatua de David foi esculpido, ficou por 40 anos abandonado no pátio da Catedral de Firenze, e até havia sido entregue a um outro escultor, Duccio, que veio a falecer repentinamente, não dando início a obra. Provavelmente já estava destinado, por uma força superior, a Michelangelo.
Outra visita que fizemos foi ao Museu Vitoriano, aonde vimos coleções sobre a história da Itália, inclusive os pertences de Giuseppe Garibaldi: sua espada, botas e farda. Ele é reverenciado como herói nacional, porque teve importante participação no processo de unificação do país.
Em Roma é impossível deixar de visitar a Fontana di Trevi, uma das mais belas e provavelmente a mais conhecida fonte de Roma, cenário obrigatório de filmes locados na Itália. A fonte é grande e linda, com várias esculturas. Quando a visitamos fazia um frio de doer e estava lotada de turistas. Diz a lenda que devemos ficar de costas e jogar duas moedas sobre nossos ombros, uma para voltar a Roma e a outra para um pedido nosso virar realidade. Fiz exatamente como todo turista, joguei as duas moedas: o desejo já me foi realizado, agora só falta eu voltar lá de novo. Na revista Veja de umas semanas atrás, saiu uma reportagem sobre esta fonte, falando sobre a prisão de quatro funcionários responsáveis pela limpeza e que estavam furtando as moedas arremessadas pelos turistas. E olha que tem moeda até dizer chega! Imagino a fortuna que eles tiraram de lá. A fonte é um local super agradável, ponto de reunião de jovens, um agito só. Ficamos sentados nos degraus, curtindo o local e o frio. Tomamos um delicioso sorvete italiano escutando o barulho da água caindo e a conversa alegre dos jovens, aproveitando para descansar os pés e as pernas depois de uma extensa caminhada.
Dai seguimos passeio indo conhecer a famosa Rua Condotti, que é semelhante à Rua Augusta de São Paulo. Estava simplesmente lotada de pessoas, uma verdadeira multidão se acotovelando e caminhando em bloco. Ali encontramos o senador brasileiro Eduardo Suplicy de braços dados com a então esposa Marta. O tio que sempre nos guia nestas viagens pelo exterior, deu um grito: SUPLICYYY! Ele levou um tremendo susto, pois nunca esperaria encontrar um brasileiro ali e que gritasse o seu nome. Aliás, até nós assustamos com a espontaneidade e a cara de pau do meu espirituoso tio. Este episódio, até hoje rende boas gargalhadas entre nós.

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