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Lélia Abramo foi primeira vice de Lula

Agência Brasil - 10 de abril de 2004 - 15:41

A atriz Lélia Abramo, que morreu ontem à noite aos 93 anos, teve papel de grande significado na história recente do Brasil. É o que mostram os dados biográficos divulgados hoje pela Secretaria de Cultura do estado de São Paulo.

A atriz reuniu realização pessoal, atuação profissional e política. Paulistana, quarta filha em uma família de oito irmãos, Lélia só foi estrear no teatro quando já tinha 46 anos, na peça "Eles Não Usam Black-tie", de Gianfrancesco Guarnieri, no Teatro de Arena.

Com isso, ajudou a estabelecer um marco na construção de uma dramaturgia essencialmente brasileira, que, a partir daí, passou a tratar de temas mais amplos — como as questões sociais —e também inovou na linguagem. Os cenários, por exemplo, tornaram-se mais simples e ao mesmo tempo mais fortes, impactando diretamente o público.

O crítico teatral Décio de Almeida Prado, que analisou "Eles Não Usam Black-tie", escreveu que a peça "põe diretamente o dedo na ferida. A greve é o seu tema ostensivo, uma greve operária, de reivindicação por melhores salários, que acaba por separar pai e filho".

Lélia Abramo também interpretou grandes clássicos do teatro, como "A Casa de Bernarda Alba", do espanhol Federico Garcia Lorca. Como atriz, atuou em 27 peças de teatro,14 filmes e, segundo dados da Secretaria de Cultura, em um número não contabilizado de peças de televisão que eram transmitidas ao vivo, sem gravação prévia.

Como cidadã, Lélia engajou-se na luta por liberdade de expressão durante todo o ciclo da ditadura militar, a partir de 1964. Foi presidente do Sindicato dos Atores do estado de São Paulo e liderou a luta pela legalização da profissão de ator, finalmente reconhecida em lei, em maio de 1978. Ela mesma recebeu a carteira de atriz com o registro número 1 da Delegacia Regional do Trabalho.

Teve atuação destacada na luta pela convocação da Assembléia Nacional Constituinte, nos anos 1970 e 1980, assim como nas discussões prévias e na formação do Partido dos Trabalhadores. Em 1982, foi vice-candidata ao governo paulista, na primeira eleição da qual participou o atual Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, que à época candidatou-se a governador.

A última aparição pública de Lélia foi em 31 de março passado, no Auditório Elis Regina, na capital paulista. Foi homenageada, na ocasião, pela prefeitura de São Paulo, por sua luta por liberdades civis e democráticas durante o governo militar.

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