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Leia: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 09 de janeiro de 2007 - 07:19

Língua portuguesa, inculta e bela
Alcides Silva

A onça macha e o jacaré fêmeo

Por certo o leitor estranhou os adjetivos que indicaram, no título da coluna, o macho da onça e a fêmea do jacaré: onça macha e jacaré fêmeo. São corretíssimos, porém. Como todos os adjetivos eles se flexionam de acordo com o gênero do substantivo a que se referem. Ora, o feminino de macho é macha, assim como o masculino de fêmea é fêmeo. A baleia, a barata, o besouro, a borboleta, a coruja, a formiga, o gavião, a mosca, o pernilongo, a pulga, a rã, o rouxinol, o sapo, a tartaruga, o tatu, o tigre, o tubarão, como a onça e o jacaré do titulo deste texto são substantivos epicenos (do grego epikoinós através do latim epicoenus). Antigamente tais substantivos eram denominados substantivos promíscuos, isto é, invariáveis em gênero para designar animais. Explicam os velhos e revelhos Serões Gramaticais, de Ernesto Carneiro Ribeiro, obra que veio a lume em 1890, que “se são irracionais os seres que os nomes designam, empregam-se os adjetivos macho e fêmea para distinguir os sexos, dizendo-se o rouxinol macho, o rouxinol fêmeo; a cobra macha, a cobra fêmea; a onça macha, a onça fêmea; ou então substantivando-se as palavras macho e fêmea se diz o macho da cobra, a fêmea da cobra, o macho da onça, a fêmea da onça, o macho do jacaré, a fêmea do jacaré. Do mesmo modo os Latinos, para denotarem os sexos, ou apunham ao epiceno um adjetivo com a terminação correspondente ao sexo que queriam indicar, dizendo por exemplo elephantus grávida, ou faziam-no seguir das palavras masculus ou femina, dizendo vulpes masculus, elephantus femina”.
Há autores que, por questão de eufonia, não admitem a flexão dos adjetivos macho e fêmea. Isso porém, na linguagem moderna, é sexo de anjo.
Os substantivos invariáveis que designam pessoas de um ou de outro sexo são chamados de sobrecomuns ou comuns de dois gêneros.
Quando necessitam somente do artigo (o, a ou um e uma) para definir se masculinos ou femininos são chamados de comuns de dois: o agente, a agente, o artista, a artista, o colega, a colega, o cliente, a cliente, o dentista, a dentista, o estudante, a estudante, o gerente, a gerente, o imigrante, a imigrante, o intérprete, a intérprete, o jovem, a jovem, o jornalista, a jornalista, o pianista, a pianista, o protestante, a protestante, o selvagem, a selvagem, o servente, a servente e outros mais.
Já, quando tendo um só gênero gramatical para designar tanto as pessoas do sexo masculino como as do feminino, se necessitar de um especificador, o substantivo será sobrecomum: o algoz, o apóstolo, o indivíduo, o carrasco, a criança, a pessoa, a testemunha, a vítima. Para designar o sexo, diz-se o algoz feminino, a criança masculina, a testemunha Maria, a testemunha José. E dessa maneira, também músico: Os músicos femininos da orquestra usam saias.
Só para terminar: Presidente é substantivo masculino. O feminino é presidenta que tanto pode ser a mulher que preside como a mulher de um presidente. Nada há de errado dizer A presidenta do Clube das Mães - A presidenta da Liga das Senhoras Católicas - A presidenta da Câmara Municipal - A presidenta da República. Papa também é substantivo masculino; o feminino, papisa. O Vaticano teve a poderosa madre Pasqualina, guardiã de Pio XII (1939-1958). Era uma freira alemã e acompanhou o cardeal Pacelli desde o tempo em que ele fora núncio em Berlim. Foi sua governanta e secretária. Era ela quem protegia o Papa dos germes (com desinfetantes) e dos indesejados (fechando a porta). Diziam que era poderosíssima e, por isso, ganhou o apelido de “Papisa”. Foi dispensada por João XXIII.

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