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Leia - Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 03 de novembro de 2006 - 09:11

Língua portuguesa, inculta e bela!
Alcides Silva

“Se ninguém se opor...”

É muito comum, principalmente na linguagem oral, verbos irregulares serem conjugados como regulares: Eu virei se ninguém se ‘opor’, ; Ele virá quando ‘pôr’ a carta no correio...; O professor não virá se não ‘manter’ a disciplina; Ele somente virá quando bem lhe ‘convir’; Se ‘prever’ que não haverá público, ele não virá.
Esse vezo é de fácil explicação: na conjugação dos verbos regulares, a 1ª e as 3ªs pessoas do futuro do subjuntivo são formadas pelo infinitivo do respectivo verbo antecedido de se ou quando: se eu amar; quando eles cantarem; se eu falar; quando o dinheiro se acabar; se eu vender; quando eles cederem; se eu defender; quando o dia entardecer; se eu me despedir; quando ele se cobrir; se eu assistir; quando ele divergir. Muitos verbos irregulares também formam por esse mesmo processo as 1ª e as 3ªs pessoas do futuro do subjuntivo (subjuntivo é um modo verbal que indica uma probabilidade, uma ação que pode ou não acontecer): se a carta couber no envelope, quando ele reouver o dinheiro, se eu puder, quando eles puderem, quando eu quiser, se eles souberem a verdade, quando ela fizer aniversário, quando eu pedir, se eles medirem, se Pedro e Manoel dirigirem, quando eu sair, etc. Outros, os verbos derivados, seguem a conjugação do verbo originário ou primitivo.
Necessário relembrar que são chamados de regulares os verbos que se conformam, na conjugação, com os respectivos paradigmas ou modelos; e de irregulares, aqueles que se afastam de seus paradigmas ou padrões de sua própria conjugação. As irregularidades podem ocorrer nas desinências, como, por exemplo, no verbo ver (eu vejo, tu vês, ele vê, nós vemos, vós vedes, eles vêem); ou no radical, como no verbo subir (eu subo, tu sobes, ele sobe, nós subimos, vós subis, eles sobem); ou em ambos, como no verbo trazer (eu trago; ele trouxe; nós traremos).
Na linguagem infantil é comum (e até simpático, conforme a idade da criança) o emprego da forma regular em verbos irregulares: eu fazi; eu cabo; eu consego; eu sabo. Com a alfabetização e as leituras que se seguirem, essa tendência normalmente se extinguirá.
Os verbos derivados de ter (conter, deter, entreter, manter, obter, reter, abster-se. ater-se, etc.), de ver (antever, prever, rever, mas não prover, ou precaver, que dele não é composto.), de vir (advir, convir, intervir, provir, reconvir, sobrevir, avir-se, desavir-se etc.) e de pôr (antepor, apor, compor, contrapor, decompor, depor, dispor, expor, impor, interpor, opor, propor, predispor, pressupor, supor e os demais terminados em por), seguem o verbo primitivo, inclusive no futuro do subjuntivo.
Verbo ter: se eu tiver, se ele detiver, quando elas mantiverem, quem obtiver, se o guarda retiver o trânsito.
Verbo ver: se eu vir, quem antevir o futuro, se eles previrem o resultado, quando o professor revir as provas.
Verbo vir: seu eu vier, quando ele convier, se a polícia intervier, se dessa árvore provierem frutos .
Verbo pôr: se eu puser, quando eles depuserem as armas, se o governo impuser a lei seca, se ninguém se opuser (este seria o título correto desta coluna), se todos propuserem, se ela supuser. Observação cautelar: o verbo pôr e seus derivados não tem z em nenhum de seus tempos. Assim não se deve escrever puz, depuzesse, propuzeram, etc.

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