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Leia: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 01 de março de 2007 - 10:34

Língua portuguesa, inculta e bela
Alcides Silva
Um dos que... de que...
O emprego da palavra que é um dos estudos gramaticais que mais fascinam.
Espera aí: é um dos estudos que “mais fascinam” ou “mais fascina”?
O que da frase é um pronome relativo da frase e existe regra básica: o adjetivo concorda com o substantivo em gênero e número: estudos fascinantes.
Relembrando o já aqui dito algumas vezes, o que é pronome relativo porque refere-se a um termo anterior, relacionando-o com o termo conseqüente. O termo anterior nesse caso é quem determina o número para efeito de concordância verbal. Nem sempre, porém, o termo anterior é o imediatamente antecedente. Geralmente o é.
a) Um dos que...
No período que inicia este comentário qual, porém, o termo antecedente: um ou estudos? Tal determinação depende do sentido da frase. O que mais fascina são os “estudos” ou o “emprego” do pronome?
Vamos desdobrar a frase: Dos estudos que mais fascinam, o emprego do pronome relativo é um deles. Quem é que mais fascina? Os “estudos”. Logo, termo antecedente no plural, verbo conseqüente também no plural: “Estudos que mais fascinam”.
Tomemos um outro exemplo: Ele é um dos jogadores que mais gols têm marcado neste campeonato. Quem tem marcado gols? Os jogadores. Portanto o verbo ter deverá estar no plural.
Todavia, o verbo fica no singular quando a ação se refere a uma única pessoa: “Ele era um de seus amigos que mais me procurava”. Quem me procurava? Ele (termo antecedente). “Foi um dos livros que li nas férias”. “Era entre os jogadores o que mais gols tem marcado”.
b) De que...
Tinha a esperança de que ganharia na ‘Sena’ ou Tinha a esperança que ganharia na Sena?
A primeira das frases é a correta, porque quem tem esperança a tem de alguma coisa. Esperança é expectativa, é perspectiva, é probabilidade, é possibilidade de algo; é confiança em algo; é disposição para algo. “De”, “em” e “para” são preposições e relacionam dois termos de uma oração, de forma tal modo que o sentido do primeiro (antecedente) seja completado pelo segundo: Esperanças de ganhar – Esperança em Deus – Esperança para o futuro.
Quero reafirmar que te amo ou de que te amo? Reafirmar que te amo, porque se reafirma alguma coisa e não de alguma coisa.
A preposição de será obrigatória quando o que introduzir oração que completa o sentido de um substantivo, adjetivo ou advérbio. O prefeito está crente de que uma campanha intensiva em prol do pagamento do IPTU salvará as finanças municipais. O governo chegou à conclusão de que a Febem corrompe. Tenho a impressão de que o governo Lula está fracassando no combate ao cartel dos juros altos.
O emprego da preposição é facultativo quando o que introduzir oração que tem a função de objeto indireto: Duvido que o governo melhore a Saúde Pública. O povo desconfia que queiram prejudicá-lo. Precisamos que alguém lute por nós. Nesses casos prevalece a forma mais eufônica.
c) Em que
Há verbos que exigem a preposição em por expressar: 1º - uma idéia de lugar onde: Esta é a casa em que vivi – Foi o rio em que brincamos – Este é o jornal em que escrevo – Cuspiu no prato em que comeu - 2º ou uma noção de interioridade Aquela era a idéia em que ela acreditava – Ele é o político em que confio.
Como nem sempre é necessário empregar a preposição antes do termo que, fica fácil criar uma regrinha prática: Faça a pergunta ao termo antecedente ou ao verbo: O que? De que ou Em que [onde]? Pela resposta obtida saber-se-á da necessidade ou não da preposição. As cidades que visitei (o que visitei? as cidades), sem preposição – Esta a cidade em que nasci (onde nasci? nesta [em + esta]) cidade), necessária a preposição.


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