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Juro alto provoca queda do dólar, avalia economista

Edla Lula/ABr - 09 de junho de 2007 - 13:06

Brasília - O economista Luiz Gonzaga Belluzzo atribui a recente elevação do real frente ao dólar, entre outros fatores, à arbitragem de juros – em que os investidores pegam empréstimos em outros países, onde as taxas são mais baixas, e aplicam no Brasil, que possui a mais alta taxa de juros do mundo.

Em entrevista, ele afirmou que a busca por essa diferença entre o juro que o investidor paga pelo empréstimo feito lá fora e o que receberá por aplicar no Brasil e mais a elevação dos preços de algumas commodities exportadas pelo Brasil, como o aço, são os responsáveis pela entrada de dólares no país, o que provoca o enfraquecimento da moeda americana.


Para o economista, desde 2002 a moeda brasileira é a que mais vem se valorizando. E que essa valorização se intensificou a partir de 2006 e, mais firmemente, em 2007. Isso é reflexo, segundo Belluzzo, da taxa de juros.


"A taxa de juros brasileira estar fora do lugar. Está excepcionalmente elevada", disse.


Mesmo com a última redução em 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, Belluzzo defende reduções maiores.


"Há uma distorção imposta pela política monetária que faz com que as empresas sejam obrigadas a fechar suas linhas de produção, até encerrar suas atividades. Muitas delas, sobretudo no setor manufatureiro, também são obrigadas a disfarçar sua situação importando mercadorias, colocando sua marca e vendendo no mercado interno".

Belluzzo enfatizou que "tem muita gente que nega a existência desse fenômeno [arbitragem], mas é indiscutível que a associação entre os dois foi importante para determinar a valorização do real". E lembrou que até mesmo os exportadores brasileiros, que reclamam da queda do dólar, contribuem para isso, quando também eles realizam a arbitragem.


"Entre o movimento de exportação efetivo de embarques e o movimento das antecipações do contrato de câmbio, ou seja, do financiamento das exportações, há um descompasso muito forte que mostra que os próprios exportadores estão usando essa arbitragem", comentou.


Os exportadores, explicou, aproveitam a baixa cotação do dólar para lançar mão, antecipadamente, dos empréstimos que financiarão suas vendas – por meio, por exemplo do Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC). Eles aplicam esse empréstimo, segundo o economista, em fundos de renda fixa: "Estão fazendo uma operação financeira quase que disfarçada em operação comercial".

Em todo o mundo, lembrou Belluzzo, o dólar está perdendo força. E isso se deve "a um aumento muito forte da liquidez mundial", ou seja, a grande circulação de moeda estrangeira pelos países, em especial aqueles em desenvolvimento.


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