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Geral

Juntos ou separados

Alcides Silva - 26 de setembro de 2013 - 18:00

São muito comuns as dúvidas que nos torturam quando, na escrita, encontramos palavras que tanto podem ser grafadas separada ou analiticamente, como por exemplo, portanto, por tanto; tampouco, tão pouco; conquanto, com quanto; contanto, com tanto; porquanto etc.

Não há uma regra. É que escrito numa palavra só, o termo pertence à categoria gramatical diversa dos que são grafados separadamente.
Portanto é uma conjunção (ou conectivo, isto é, palavra que exprimindo circunstâncias, une duas orações ou dois termos) conclusiva, pois revela uma conclusão ou uma consequência: Paguei-lhe até o último tostão, portanto nada lhe devo.
Porquanto é uma conjunção causal (exprime uma causa): Não foi premiado porquanto a isso não merecia.
Por tanto e por quanto – em grafias analíticas – são empregados quando os advérbios ou adjetivos tanto ou quanto forem, respectivamente, identificadores de quantidade ou de modalidade: Por tanto dinheiro trabalhava até a noite. Por quanto se vende esta casa?
Tampouco é advérbio e só se emprega quando puder ser substituído por também não, ou nem sequer, ou, ainda, por sequer: Não apareceu tampouco se justificou.
Porisso é erro de grafia, palavra inexistente na língua portuguesa, assim como não há poristo ou poraquilo. Todavia, Napoleão Mendes de Almeida solitariamente a defende; “Porisso compõem-se de por + isso. Vêm os dois elementos ligados quando conjunção conclusiva: (Vou sair, porisso tenha juízo). Caso contrário, os elementos por e isso vêm separados: Não foi por isso que o despedi. Nem por isso (= nem por esse motivo, nem por essa coisa) [Gramática Metódica da Língua Portuguesa, 8ª ed., Saraiva, São Paulo, 1956, p.292].
Em Dicionário de Erros, Correções e Ensinamentos de Língua Portuguesa (edição Saraiva de 1955, página 212), esse linguista expõe com mais amplitude seu posicionamento: “Claro que não se deverá escrever porisso, numa só palavra se distinta forem as funções léxicas dos elementos em apreço, ou seja, quando por for preposição, e isso pronome demonstrativo neutro. Não foi por isso que o despedi. Se não der certo, não ficarei magoado por isso. Nem por isso”.
Prossegue o mestre, lembrando e rebatendo as opiniões contrárias, principalmente quanto à impossibilidade de se escrever poristo ou poraquilo: “A comparação não vem ao caso, diz ele, uma vez que nem poristo nem poraquilo existem com valor conjuncional. Ao contrário de condenar, a comparação demonstra o acerto da grafia analítica por isso quando a cada palavra couber valor léxico próprio; valesse ela para o caso de exercer a palavra função conclusiva, não poderíamos escrever portanto sinteticamente. Se escrevemos “Por tanto dinheiro não comprarei” e “Está chovendo, leve portanto a capa”, é porque no primeiro caso por (preposição) e tanto (adjetivo) guardam particular função léxica, o que no segundo exemplo não se dá, caso em que o composto perdeu o valor dos elementos para, numa só palavra funcionar como conjunção coordenadora conclusiva”.
E arremata Napoleão Mendes de Almeida: “Quando nitidamente porisso funcionar como conjunção, ou seja, quando equivalente a conseguintemente, pois, portanto, não vemos o que nos impeça escrevê-lo numa palavra só”.
A língua padrão – a do expressar-se corretamente e com elegância -, todavia, não comunga com a ideia.

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