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Juíza Luciane Buriasco Isquerdo escreve: "Voto Sofrido"

Luciane Buriasco Isquerdo (*) - 25 de outubro de 2014 - 16:58

Voto Sofrido

Amanhã, 142.822.046 brasileiros têm o direito de votarem para escolher seus representantes do Poder Executivo na esfera federal, Presidente da República, e na esfera estadual, Governador do Estado.

Qualquer pessoa maior de 16 anos pode votar, independente da renda, sexo, cor, escolaridade. As urnas são eletrônicas, seguras e com resultado rápido. Poucas horas depois de terminada a votação, já saberemos quem foram os escolhidos.

É assim há poucos anos no Brasil. No resto do mundo, metade apenas da população têm esse direito de escolher seus representantes.

A prática começou com os druidas, depois os gregos, mas um quinto apenas destes tinham o direito de votar. E muito tempo se passou com esse direito esquecido, como na Idade Média. Na verdade, até o século XIX, a compreensão do voto como um direito da maioria da população era pouco difundida.

O poeta, escritor e também político Victor Hugo foi exilado por dezenove anos da França por defender tal direito e o ensino público, sendo aceito novamente em 1870, quase um século depois da Revolução Francesa, quando a República chegou para ficar naquele país.

Aqui no Brasil, começamos a votar em 1532, mas votavam apenas nobres, burocratas, militares, comerciantes ricos, senhores de engenho, homens de posses. E isso para as governanças na Vila. Somente em 1881, as eleições, para o Congresso, passaram a ser diretas e no ano seguinte não mais se exigiu renda mínima para votar. Mas foram excluídos os analfabetos e nem se cogitava de votos por parte de mulheres e escravos. Assim é que 2% da população brasileira podia votar em 1886.

O voto era declarado pelos eleitores, levados às sessões de votação por coronéis. Ai de quem não votassem em quem tinham mandado votar.

Em 1932 é criada a Justiça Eleitoral. A mulher que trabalhasse para fora podia votar e o voto passou a ser secreto. Mas em 1937 desaparece novamente o direito de votar, até 1945.

Em 1950, 50% da população maior de 18 anos era analfabeta e pelas regras na consideração da maioria, menos da metade dos eleitores levaram Getúlio Vargas de volta ao poder. O mesmo com Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros.

Em razão do golpe militar de 1964, chegou-se a 29 anos sem que se pudesse votar para Presidente. Para Governador, só se pôde votar em 1982.

De 1989 para cá, com eleições diretas para todos os cargos do Poder Executivo e Legislativo, são apenas 25 anos de eleições tal qual a conhecemos. Há 14 anos temos eleições totalmente informatizadas, com urnas 100% eletrônicas.

Foi, como se vê, uma longa caminhada histórica, de articulações, exílios, sofrimento, para que amanhã esse número considerável - 142.822.046 de eleitores dentre os 201.032.714 de brasileiros - pudessem votar.

E há quem reclame do voto ser obrigatório, dos políticos. Há quem vote nulo ou em branco. O voto foi um direito tão sofrido e hoje pouco valorizado. Por certo menos do que o esperado por tantos que lutaram por esse direito.

O dinheiro do Estado, obtido majoritariamente por meio de tributos pagos por toda a população, é de todos, em benefício de todos. Todos os serviços como saúde, educação, estradas, luz, água, etc., são pagos com esse dinheiro. A Justiça recebe parte desse dinheiro para oferecer seu serviço e cresce em demanda a cada ano. A construção de presídios depende desse dinheiro. A erradicação da fome, ditada por nossa Constituição Federal, depende desse dinheiro. A condução da economia depende da direção que será dada pelas pessoas que administrarão esse dinheiro. Não há como, portanto, alguém não sofrer alguma consequência dessa escolha que se dará amanhã. O assunto é muito importante para que a apatia tenha espaço.

Vote, portanto, amanhã. Escolha. E se podia ser eleitor e não foi, pelo voto para você ser facultativo, providencie logo seu título e compareça nas próximas eleições. Afinal, nem sempre foi fácil assim poder escolher seus representantes.

(*) Luciane Buriasco Isquerdo - Juíza de Direito em Cassilândia

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