Aos gritos, adolescentes da Unei (Unidade Educacional de Internação) Dom Bosco denunciam as condições a que são submetidos 67 garotos. Alguns dos infratores estão com sarna, problema que levou o juiz da Infância e Juventude, Danilo Burin, a colocar em liberdade um menino de 17 anos.

“Ele precisava de tratamento”, argumenta o magistrado. Ele explica ainda que o adolescente foi solto na semana passada.

A Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) tem 10 dias para transferir todos os adolescentes que estão na unidade, localizada na saída para Três Lagoas, e interditar o prédio.

“Está uma imundice, com o perdão da palavra”, disse o juiz após a visita feita esta manhã à unidade. A imprensa acompanhou a inspeção e flagrou vários problemas relacionados à higiene.

Baratas pelas paredes, vazamentos, goteiras podiam ser vistas com facilidade. Se em algumas celas sobra água dos vazamentos, em outras falta e a alternativa é armazenar o líquido em garrafas pet, que ficam nas grades.

“Não tem água para a gente beber direito”, reclama um garoto do alojamento conhecido como “CR” – Centro de Reflexão.

Havia alojamentos desativados, por problemas estruturais e, por outro lado, os infratores são aglomerados nos espaços restantes.

Cada alojamento, que mais se parece com uma cela, tem capacidade para três adolescentes e abriga cerca de seis. Sem colchões, alguns dormem no chão ou improvisam camas com cobertores.


“Aqui o bagulho é doido”, diz um infrator.

Para o magistrado, a Unei “apodreceu” e, diante da falta de soluções, decidiu pela interdição da unidade.

Segundo Burin, depois da rebelião de 02 de abril, o coronel Hilton Vilassanti, que é responsável pelas Uneis, inspecionou a unidade, porém, não adotou as medidas necessárias para resolver os problemas.

“Quais providências foram tomadas. Nenhuma”, reforça o juiz. Ele espera que, com o pedido de interdição, o poder público responda aos pedidos de providência.

Sem rumo - Diante da incerteza quanto ao destino dos adolescentes que estão na Unei Dom Bosco, um garoto de 16 anos tem transferência para outra cidade.

“Minha mãe não tem condição de ir me visitar em outra cidade não, dona”, finaliza o adolescente.