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Jovens reclamam participação em decisões nas escolas

Agência Câmara - 24 de fevereiro de 2005 - 08:48

Apesar de ser o principal foco da educação, o jovem não é ouvido e não consegue participar das decisões em sua própria escola. Essa foi uma das conclusões do painel "Juventude, Educação, Qualidade e Democracia" da IV Conferência Nacional de Educação e Cultura, que está sendo realizada na Câmara. O painel contou com a presença de pesquisadores e de representantes dos estudantes, como o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Marcelo Brito da Silva.
O presidente da Ubes reclamou que a escola não escuta os anseios do jovem. Ele citou uma pesquisa realizada pela professora da Universidade Católica de Brasília Miriam Abramovay, a qual concluiu que a cultura escolar não aceita a cultura juvenil.
Miriam Abramovay afirmou que a sociedade tem uma visão maniqueísta e repressiva em relação à juventude. A constatação, segundo a professora, é feita com base em várias pesquisas realizadas com jovens. Ela cita, como exemplo, as tentativas de alguns grupos sociais de rebaixar a maioridade penal de 18 para 16 anos. Ela também menciona pesquisa realizada em escola de ensino médio, na qual foi perguntado aos alunos e professores qual o maior problema da escola. Os dois grupos, em sua maioria, responderam que são os jovens.

Políticas públicas
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), coordenadora do painel, acredita que essa cultura está começando a mudar, com a elaboração do Plano Nacional de Juventude e do Estatuto da Juventude, ambos em tramitação na Câmara. "São políticas públicas concretas que vão delimitar quais são os direitos dos jovens no Brasil. Nós já definimos políticas vitoriosas para os idosos, para a criança, e é chegado o momento de o jovem brasileiro ter seu espaço garantido".

Reforma Universitária
Marcelo Brito declarou que apóia a reforma universitária proposta pelo Governo, porque enxerga nela a única medida para democratizar o acesso ao ensino superior, quando prevê cotas para pessoas vindas de escolas públicas. "Essa medida vai permitir que o estudante da escola pública possa sonhar com cursos de Medicina, Direito, Odontologia, que são os mais disputados". O representante da Ubes assinalou que, hoje, algumas universidades chegam a ter uma composição de quase 95% de estudantes oriundos da educação privada. "Não é justo que, no ensino básico, você tenha 85% dos estudantes da educação pública e 15% da privada, e na universidade isso acabe se invertendo".

Diversidade e cotas
A diversidade na educação também foi discutida nesta tarde. Para promovê-la, a ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, revelou que está trabalhando na implementação da lei que prevê ensino de história e cultura afro-brasileiras e na releitura do Plano Nacional de Educação, a partir do olhar da diversidade. Ela cita, ainda, o sistema de reserva de vagas para acabar com o que chama de elitização histórica do ensino superior. "Não é tolher o direito de todos, mas é considerar que, entre todos, há a diversidade". A secretária assinalou ainda que as universidades públicas não foram formadas para o atendimento aos grupos elitizados, mas sim a toda a população brasileira. "Por isso, trabalhamos para a implementação da política de cotas, como é conhecida, mas o termo correto é reserva de vagas para alunos oriundos das escolas públicas, que considera o percentual de negros e indígenas em todas as unidades da federação".

As políticas públicas da área cultural e o mundo do livro também foram temas discutidos nesta quarta-feira na IV Conferência.


Reportagem - Adriana Magalhães
Edição - Regina Céli Assumpção


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