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Jovens de MS querem emprego, educação e combate a

Marcelo Pereira - 16 de abril de 2004 - 09:07

A Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul realizou na tarde de hoje (15/04) uma audiência pública para discutir com jovens de 77 municípios do Estado, propostas para um documento que reunirá propostas de Políticas Públicas para a Juventude.

Segundo o deputado estadual Pedro Kemp, presidente da audiência, o evento acontece por convite da Comissão de Políticas Públicas para Juventude da Câmara Federal. O objetivo é ter um perfil dos jovens do Estado, destacando as características do cidadão e propostas para a melhoria da qualidade de vida, além de sugestões para o desenvolvimento das políticas públicas. "Hoje é uma data histórica, pois a Assembléia legislativa abre as portas para que a juventude diga suas necessidades. E não estamos aqui para falarmos pelos jovens, mas para ouvir e assumir compromissos", disse Kemp.

Kemp afirmou que as propostas vão compor um relatório final de importância para a elaboração de um estatuto nacional de Políticas para a Juventude, que inclua questões mínimas e com alternativas que correspondam às expectativas da juventude. "Não podemos reduzir os problemas e propostas dos jovens somente ao campo do combates às drogas e violência. Temos que estabelecer um projeto que identifique outros problemas como educação e trabalho", explicou o deputado.

O deputado estadual Pedro Teruel destacou que os jovens devem exigir sempre políticas relacionadas à sua vida, pois isso é um dever de cidadão. "Com a reunião de representantes de todas as cidades do Estado nós mostramos a preocupação com o assunto. E a juventude deve atuar dessa maneira, exercendo a democracia, cidadania e participando ativamente da política", disse Teruel.

O deputado federal João Grandão (PT), representante da Comissão que discute o assunto na Câmara Federal informou que já houve pelo menos 10 audiências públicas buscando envolver o debate nesse sentido. Ele garantiu que o estado já tem motivos para comemorar com esta primeira reunião. "Esse envolvimento de várias entidades, de todas as cidades do Estado mostra que temos preocupações em selecionar cada problema e apresentar soluções concretas. O estatuto de Políticas públicas para a Juventude tem tudo para dar certo. Mas é preciso lembrar que cada Estado tem uma particularidade", ressaltou. Com a implantação do projeto, o Brasil será o terceiro país do mundo, após França e Portugal, a conseguir ter um instrumento que atenda às reivindicações dos jovens.

O deputado federal considerou dois pontos como principais para a pauta de discussões. "A falta de trabalho é uma dura realidade com a qual Mato grosso do Sul vem sofrendo. Outra dificuldade com a qual os jovens têm de lidar é a falta de experiência no mercado de trabalho, muitas vezes a pessoa sai da faculdade com todas as qualificações, mas não exerce a profissão porque as empresas cobram experiência", informou João Grandão.

A deputada estadual Simone Tebet avaliou positivamente a iniciativa do deputado estadual Pedro Kemp. "É dessa forma que conseguimos mudanças e promovemos o exercício da cidadania em todas as faixas etárias. Nunca devemos esquecer de lutar e persistir na busca pelos ideais", afirmou.

O professor da Unijuí, Paulo Denisar Fraga realizou durante a audiência uma palestra sobre "Juventude: Política e Concepção". O professor enumerou características da juventude brasileira: 40% dos jovens no país vivem em famílias com rendimento abaixo de meio salário mínimo; A cada dosi desempregados do Brasil, um é jovem; 35% dos jovens não têm carteira assinada; Dois em cada três presos são jovens; Somente três em cada dez jovens tem acesso ao ensino médio. O professor lembrou a importância da camada social que tem entre 15 e 29 anos. "Eles representam 28% da população brasileira. São 48 milhões de pessoas. Isso coloca o Brasil na 5ª colocação no ranking mundial de jovens por habitante. Cerca de 50% dos jovens da América Latina vivem no Brasil, enfrentando dificuldades que aqui estão sendo apresentadas", disse o professor.

A promotora de justiça da infância e da Juventude de Campo Grande, Maria Elizabeth Dias Marques, lamentou que somente após 16 anos da criação da Constituição Federal e 14 anos da criação do Estatuto da Criança, os governantes tenham se importado com a elaboração de um Estatuto para a Juventude. Ela disse que entre as principais discussões envolvendo justiça e juventude está a redução da maioridade penal. "Algo que nós somos totalmente contra. Não é investindo em presídio que vamos garantir segurança. Os jovens acabam se tornando marginais quando são internos. E só podemos ajuda-los com programas de socialização e investindo em educação, cultura e lazer. Além de oferecer uma educação religiosa", acredita a promotora.

"A juventude de Mato Grosso do Sul é muito heterogênea. Temos jovens urbanos, rurais, quilombolas, indígenas, skatistas e ligados ao movimento musical como Sertanejo, Hip Hop e Rock'n Roll". Assim definiu o assessor especial de Políticas Públicas para a Juventude, Ilmar Renato Fonseca. Uma das propostas defendidas pelo representante do governo foi a elaboração de políticas que privilegiem a educação sexual na escola e combate à violência. "Temos que criar propostas para prevenir e não remediar" indicou Ilmar Renato.

O deputado estadual Pedro Kemp, propositor da audiência, apoiou a melhoria no acesso ao ensino, incluindo ampliação de vagas no ensino superior e a criação do campus da UEMS - Universidade do Estado de Mato Grosso do Sul; Além disso, citou a adoção de políticas específicas para a erradicação do suicídio indígenas, que segundo o parlamentar está ocorrendo com pessoas cada vez mais novas devido aos conflitos pela posse de terra e à perda de identidade cultural. Gravidez na adolescência e o regime de cotas para negros e indígenas foi considerado pelo deputado como pautas importantes para as discussões que prosseguiram na noite desta quinta-feira e continuam amanhã, a partir das oito horas.

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