Na busca por uma oportunidade no mercado de trabalho, a estudante de Multimídia Rafaeli Ferreira Seidenfuss, de 19 anos, se deparou não apenas com a concorrência e a exigência de conhecimentos específicos e experiência. A estudante se diz alvo de preconceito por conta de sua crença religiosa e recorreu à Polícia.

Ela contou ao Campo Grande News que encaminhou currículo para a Neopress Gráfica, localizada na Avenida Eduardo Elias Zahran, e no dia seguinte foi chamada para uma entrevista ao cargo de atendente.

Durante a conversa por telefone com o gerente do estabelecimento, conhecido por Toninho, Rafaeli foi questionada sobre sua crença religiosa.

“A primeira coisa que ele perguntou foi qual era minha religião. Disse que sou espírita e ele respondeu que eu não tinha capacidade para desempenhar o serviço e que a vaga tinha que ser preenchida por algum católico”, relata a estudante.

Indignada com a situação a madrinha da jovem, Fabiana Ferreira de Souza, entrou em contato com Toninho, questionando se o mesmo também somente atendia clientes católicos. “Ficamos estarrecidas com essa atitude. Como isso é possível na época em que vivemos?”, questiona a publicitária.

A família decidiu registrar Boletim de Ocorrência no 1º DP da Polícia Civil. O documento, de nº 7183/2010, foi lavrado com motivo “Negar ou obster emprego em empresa privada”. “Não tem cabimento não disputar uma vaga por aquilo que eu acredito como religião. Uma pessoa assim não tem visão de mundo”, complementa Rafaeli.

Segundo a estudante, o gerente da gráfica ainda tentou corrigir o que havia dito. Na delegacia, a família foi informada que Toninho será chamado para depor.

A gráfica já funciona há 8 anos em Campo Grande. Na manhã de hoje, o proprietário foi procurado, disse que retornaria a ligação, mas isso não ocorreu.