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João Paulo 2º: fim do calvário de um homem e de uma era

Graciliano Rocha / Campo Grande News - 02 de abril de 2005 - 18:01

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O papa João Paulo 2º morreu nesta sábado e, com isso, chega ao fim a agonia do homem Karol Wojtyla, 84 anos, e um dos mais longos pontificados da história.
A morte foi o resultado de um quadro clínico que se agravava dia-a-dia. João Paulo sofria do Mal de Parkinson e, nas últimas semanas, sua saúde se deteriorou bastante até que ontem houve complicações renais e cardíacas e problemas severos para respirar. O Vaticano anunciou a morte do principal líder do catolicismo mundial às 21h37 (horário em Roma) deste sábado, às 15h37 em Mato Grosso do Sul.
João Paulo 2º é o primeiro papa eslavo da história, o 264º a ocupar o trono de Pedro, tendo sido eleito em 16 de outubro de 1978 como sucessor de João Paulo I. Com a sua morte, chega ao fim o terceiro maior papado da história, 26 anos.
Em Mato Grosso do Sul, a luta do papa pela vida (ou a espera pelo inevitável) mobilizou manifestações de fé e comoção na comunidade católica. O arcebispo de Campo Grande, D. Vitório Pavanello, celebrou uma missa pela saúde do papa no início da noite de ontem. A igreja matriz de Santo Antônio, no centro da cidade, foi o centro das orações campo-grandenses pelo sumo pontífice.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há em Mato Grosso do Sul uma comunidade católica de 1,4 milhão de pessoas – algo como 70% da população do Estado.
Mas há algo mais na explicação da relação de proximidade entre o catolicismo campo-grandense e o homem que acaba de morrer no Vaticano. Em 1991, João Paulo 2º esteve na cidade. Ele celebrou uma missa, mobilizou multidões pelas ruas, visitou o hospital São Julião e marca até hoje a memória de gente simples como o aposentado Sílvio Alves Flores, 74.
“Quando ele esteve aqui, lá no Santo Amaro, me deu a comunhão, me senti tão recompensado, senti Deus comigo”, disse ele. E se resignou: “Ninguém é eterno”.
Um homem, um tempo, muitas controvérsias – O pontificado de João Paulo 2º é pontuado por controvérsias. No seu mandato, todo o tempo, religião e política andaram juntas. No fim da década de 70, ele alcançou a posição nº 1 do Vaticano como um anti-comunista convicto e pode ser, sim, considerado como uma das figuras públicas mais atuantes na antecipação do esfacelamento da União Soviética.
Ele foi também o papa que pôs um ponto final à longeva tradição anti-semita na Igreja Católica Romana e chegou a fazer o mea-culpa do Vaticano sobre o silêncio sobre o extermínio de judeus durante a Segunda Guerra.
O conservadorismo político teve o seu equivalente no pensamento católico sobre os direitos individuais. Se será lembrado como o primeiro papa a ir ao Muro das Lamentações (sagrado para os judeus), João Paulo 2º também vai entrar para a história como o homem que jogou o Vaticano em polêmicas como a condenação dos anticoncepcionais e dos preservativos em uma época que a Aids se tornou uma epidemia mundial.
Morre um homem e, talvez como ele, uma era.

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