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Já sem esperança de cura, menino com câncer sonha conhecer Michel Teló

Paula Maciulevicius, Campo Grande News - 23 de novembro de 2015 - 07:19

Criado pela avó, dona Rosimeira quem fala pelo neto. (Foto: Fernando Antunes)
Criado pela avó, dona Rosimeira quem fala pelo neto. (Foto: Fernando Antunes)

A porta se abre e um garotinho olha para quem girou a maçaneta. Carlinhos tem 11 anos, mas naquela cama parece ter até menos. Pequeno de tamanho, grande na força. Metade da vida já foi passada assim, entre internações e quimioterapias. Carlos André tem câncer na glândula suprarrenal há 6 anos. Agora, quando a família já sabe que o tempo é de despedida a única força vem de um desejo dele, o de conhecer Michel Teló.

Criado pela avó, a quem chama de mãe, Carlinhos diz que é muito fã do músico. Por que? Aí já considera difícil dizer. Os olhos falam mais do que a boca se movimenta e a avó, dona Rosimeira, quem explica a situação. “É que ele está medicado, na morfina já...” Não é pela timidez do garoto que as palavras mal saem, e sim pela quantidade de medicação usada para lhe aliviar a dor.

“Ele canta bem, é legal... Queria tirar foto com ele”, vai respondendo baixinho. Já são duas semanas em que ele passa mais dias internado do que em casa. Sexta-feira retrasada ele passou o fim de semana onde mora, mas terça já estava de volta ao hospital, onde passou a viver.


A avó explica que ele está cansadinho e um pouco para baixo, por isso não consegue nem balbuciar uma frase das músicas de quem tanto admira. “Ele sempre foi louco pelo Michel Teló e tem uma irmãzinha mais nova em casa que errava o nome, ele ficava bravo e corrigia”, conta Rosimeira Ferreira, de 45 anos.

Convidado para o show do cantor, marcado para dezembro, Carlinhos já foi. Michel Teló se apresenta em prol do Hospital do Câncer no mês que vem. Mas a família não sabe se ele conseguirá ir até lá.

“Eu gosto de todas as músicas dele. Lá em casa tem o DVD, eu coloco no meu videogame”, descreve. Carlinhos tira o jogo de futebol para cantarolar junto de Michel.

Sobre a escola, o menino diz que está indo para o sétimo ano e que as matérias preferidas são Português, Inglês e Educação Física. Carlos mora com a mãe, que na verdade é avó, o pai, duas irmãs mais novas, a mãe biológica e o marido dela, no bairro Jardim das Meninas.


Na hora de falar da gravidade da doença, a avó pede que a gente converse lá fora. Por sorte, chegou uma cesta de doces e brinquedos para o neto. “Ele tem câncer suprarrenal, é no abdômen, já passou por cinco cirurgias, na primeira, perdeu o rim esquerdo”, conta Rosimeira.

Foram seis anos de altos e baixos. A doença foi descoberta depois que ela insistiu em leva-lo ao posto. “Ele era uma criança muito agitada e reclamava de dor na barriga, vomitava, tinha febre. Eu levava no posto, diziam que era verme e mandavam pra casa”, relata. Até que ele começou a perder peso e um exame de ultrassom mostrou que tinha algo a mais na barriga.

“Perceberam uma mancha, fizeram tomografia e descobriram”, fala a avó. Foram várias as cirurgias para retirar os tumores, alternadas com as sessões de quimioterapia. O máximo de tempo que ele ficou sem as duras sessões foi por um ano e agora nos últimos dois meses, porque o corpinho já não aguenta mais.

“Agora fizeram a última ressonância e não tem mais... A médica já preparou a gente, sabe? Mas Deus é maior. Ela disse que vai dar todo suporte que precisar”, afirma dona Rosimeira sobre a despedida que se apresenta.

Segundo a avó, uma nova cirurgia foi descartada, porque o menino não tem chance de sair dela.

Carlinhos é o primeiro neto e uma criança muito amada, afirma a família. “Deus sabe o que vai fazer. Nunca imaginei chegar nesse estado”, desabafa em lágrimas.

O alento de todos agora é a torcida para que Michel fique sabendo da história e apareça para um visita.

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