São Paulo – O interior de São Paulo resgata a tradição dos carnavais com antigas marchinhas e participação popular. Sem a fama dos desfiles de carnaval de algumas regiões do país, o interior paulista busca preservar a tradição dos bonecos gigantes e dos cabeções – semelhante ao que ocorria na Europa, na época do Renascimento.

O presidente da Comissão Paulista de Folclore, Toninho Macedo, disse à Agência Brasil que o carnaval dos bonecos gigantes e dos cabeções é comum em 35 cidades do interior de São Paulo. Segundo ele, tudo é confeccionado pelos próprios foliões. “Esses bonecos não são criados, alimentados ou estimulados pelo Poder Público. É a comunidade que produz. É uma produção espontânea”, afirmou.

A tradição dos bonecos gigantes chegou ao Brasil pelos portugueses imigrantes, sendo que aparece tanto no carnaval, como nas festas religiosas do Divino Espírito Santo. “Os bonecos gigantes, como o nome diz, são grandes, acima de 3 metros de altura, e representam efetivamente os poderosos”, disse Macedo.

De acordo com ele, os bonecos são “carregados de tradição”. “Os cabeções, sobre corpos normais como os nossos, causam uma desproporção. Tal qual em Portugal e na Espanha, há uma simbologia de gigantes e anões, que caminham juntos pelas ruas no período de carnaval”, explicou o presidente da Comissão Paulista de Folclore.

Na Europa, esses bonecos apareciam durante a comemoração de Corpus Christi. “A simbologia é que, diante de Jesus, tanto os poderosos [os bonecos gigantes] quanto os pequenos [os cabeções] se curvam”, disse Macedo. Já, no Brasil, a simbologia mudou e o uso dos bonecões se adaptou às mais diferentes realidades regionais.

Edição: Lana Cristina