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Infecção urinária: bactéria pode afetar os rins e exige tratamento

Minha Vida - 08 de julho de 2016 - 15:00

A condição que habitualmente chamamos de infecção urinária, na verdade, representa um processo infeccioso, onde ocorre o crescimento de bactérias em algum local do trato urinário (rins, ureter, bexiga e uretra). Na verdade, as bactérias entram no trato urinário a partir da uretra e começam a se multiplicar na bexiga. Essas bactérias podem ficar apenas na bexiga ou progredir no trato urinário até chegar ao rim. Portanto, apesar de parecer que as infecções urinárias sempre surgem nos rins ou os afetam, essa afirmação não é correta.

As infecções urinárias podem ocorrer no trato urinário inferior (bexiga e uretra) ou trato urinário superior ou alto (rins). Os quadros que envolvem a bexiga são as conhecidas cistites e os quadros que envolvem os rins são chamados de pielonefrite.

As cistites são, na maioria das vezes, causadas por um tipo de bactéria proveniente do trato gastrointestinal, chamada Escherichia coli, e as uretrites também podem ser decorrentes de bactérias provenientes do trato gastrointestinal, mas pelo fato da uretra nas mulheres estar mais próxima da vagina, algumas infecções como herpes, gonorreia e infecção por clamídia podem levar à uretrite.

Apenas para se ter uma ideia da frequência das duas condições, os quadros de pielonefrite aguda ocorrem em frequência cerca de 18 vezes menor que os quadros de cistite, o que é importante, pois o quadro clínico da pielonefrite em geral é mais grave e requer, em muitos casos, a hospitalização do paciente.

Existem algumas diferenças relacionadas ao sexo quanto à frequência das infecções urinárias. De modo geral, no primeiro ano de vida, as infecções urinárias ocorrem em maior frequência entre os meninos em função de malformações congênitas como na válvula de uretra posterior. Já a partir da idade pré-escolar e na vida adulta, as mulheres costumam apresentar mais episódios de infecção urinária que os homens.

Sabe-se que entre as mulheres o pico de ocorrência das infecções urinárias ocorre no início da atividade sexual, durante a gestação ou após a menopausa, de forma que os estudos indicam que em cerca de 40% das mulheres ocorrerá pelo menos um episódio de infecção urinária ao longo da vida. Os fatores que explicam essa maior propensão das mulheres a esta doença são uretra mais curta, maior proximidade do ânus ao vestíbulo vaginal e uretra e uso, por exemplo, de gel espermicida que altera a acidez e flora vaginal da região.

Por outro lado, entre os homens, são descritos alguns fatores benéficos que os protegeriam de desenvolver este quadro, sendo eles o maior comprimento da uretra, maior fluxo urinário e o fator antibacteriano prostático. Há ainda, apesar de controverso, o fato de que a circuncisão diminuiria o risco de infecção por não ocorrer ligação das bactérias ao prepúcio. No entanto, a partir da quinta ou sexta década de vida, algumas condições podem favorecer o surgimento das infecções urinárias, como alterações na próstata e necessidade de colocação de sonda vesical, que favoreceria a migração das bactérias.

As infecções urinárias podem ser classificadas em não complicadas e complicadas, e entre as infecções não complicadas está, por exemplo, a cistite. Nessa situação, tanto a estrutura quanto a funcionalidade do trato urinário são normais, não havendo, portanto, comprometimento dos rins. Já entre as infecções complicadas podemos usar como exemplo a pielonefrite, ou seja, a infecção que envolve o rim. A ocorrência de pielonefrite aguda complicada é maior entre as mulheres, tanto em ambiente não hospitalar quanto em pacientes hospitalizados.

Existe uma grande variedade de situações ou doenças que se associam com as infecções complicadas como, por exemplo, aquelas relacionadas a processos obstrutivos da uretra (como a hipertrofia prostática benigna, presença de tumores, cálculos renais, estenoses ou estreitamento ureterais, cistos renais, ou presença de divertículos na bexiga), alterações funcionais do trato urinário (bexiga neurogênica, refluxo vesicoureteral, uso de cateter uretral de demora) e alterações metabólicas (diabetes melito, insuficiência renal, transplante renal, etc.).

Assim, nos quadros de obstrução urinária, o que acontece é que a urina fica retida por mais tempo na bexiga, propiciando o crescimento das bactérias e, além disso, à medida que a bexiga se distende pelo acúmulo de urina, a mucosa que reveste a bexiga perde a capacidade de destruir as bactérias.

Para se entender o que ocorre nos quadros de refluxo vesico-ureteral, é bom lembrar qual é o caminho normal que a urina segue desde a sua formação. Depois de produzida nos rins, a urina passa pelo ureter para ser acumulada na bexiga e quando sentimos vontade de urinar, essa urina é eliminada para o meio exterior pela uretra. Quando urinamos, a bexiga se esvazia e, portanto, não deve haver volume (urina) residual. No entanto, quando ocorre um quadro de refluxo, estamos indicando que a urina volta da bexiga para o ureter. Nesta situação há persistência de volume residual de urina na bexiga que em última instância propicia o crescimento de bactérias.

Além dessas situações as infecções urinárias podem evoluir com complicação nos quadros de infecções recorrentes, isto é, quando ocorrem três ou mais infecções por ano ou quando há lesão renal permanente resultante de uma pielonefrite aguda ou crônica decorrente de uma infecção urinária não tratada adequadamente.

Alguns fatores são conhecidos como predisponentes para o aparecimento das infecções urinárias como a gravidez, doenças como a diabetes melito e a menopausa.

Saiba diferenciar os sintomas

Engana-se quem acredita que as infecções urinárias sempre cursam com sintomas. Nesses casos, podem ser observadas alterações ao exame de urina com a presença de grande número de bactérias (bacteriúria assintomática), o que especialmente em mulheres grávidas, pacientes que serão submetidos a procedimentos urológicos ou sondagem, requer tratamento com antibióticos.

Entre os sintomas mais comuns podemos citar uma vontade forte e persistentes de urinar, sensação de queimação ao urinar, eliminação de pequena quantidade de urina em cada micção, ás vezes a urina tem aspecto turvo, pode eventualmente aparecer avermelhada, com escura, indicativa de perda de sangue na urina, e com odor forte, além de dor suprapúbica. Em homens a dor retal pode ocorrer.

Para diferenciar a infecção urinária em suas diferentes formas de acordo com a sintomatologia podemos, de forma simplificada, dizer que as infecções uretrais (uretrite) costumam cursar com sensação de queimação ao urinar, as cistites costumam cursar com pressão na região pélvica, desconforto em abdômen inferior, micção frequente e dolorosa, e a pielonefrite apresenta uma sintomatologia mais exuberante com dor em flanco e lombar, febre alta, calafrios e tremores, náuseas e vômitos. Portanto, como se pode ver, as infecções urinárias que acometem os rins são mais ricas em sintomas e, como dito antes, em geral, precisam de hospitalização para o tratamento.

Opções de tratamento

O tratamento das infecções urinárias em geral envolve o uso de um antibiótico que será escolhido de acordo com a bactéria encontrada nos exames que serão solicitados.

Nas infecções não complicadas o tratamento pode variar de um a três dias, mas pode ser indicado por mais tempo, dependendo de cada caso. Além dos antibióticos pode-se prescrever um analgésico para alívio da sensação de queimação à micção. Em geral, este medicamento tinge a urina de laranja. Além disso, a hidratação adequada permite a remoção das bactérias mais rapidamente, diminuindo a possibilidade de proliferação.

Outras medidas que podem ser empregadas no tratamento das infecções urinárias envolvem ciclos de antibioticoterapia mais longos (profilaxia), ou tratamentos por curto prazo assim que os sintomas começarem ou, para mulheres após a menopausa, o uso de cremes vaginais com estrogênios pode diminuir o risco de infecções recorrentes, e o uso de produtos de cranberry em algumas indicações tem mostrado efeito protetor.

No caso das infecções urinárias graves, em geral, o tratamento é feito em ambiente hospitalar, com medicação endovenosa, o tempo de tratamento é variável, mas em torno de 14 a 21 dias e a escolha do antibiótico baseia-se no perfil de resistência da bactéria, condição clínica do paciente e gravidade da infecção.

O melhor remédio

Prevenir é sempre a melhor opção especialmente para as mulheres que habitualmente cursam com maior incidência das infecções urinárias, assim, seguem algumas recomendações:

-Ingerir quantidades adequadas de líquidos, especialmente água: A água ajuda a diluir a urina e fazer com que urine mais vezes ao longo do dia, assim, as bactérias serão removidas do tato urinário antes que a infecção possa se instalar
-Depois de urinar e evacuar a higiene deve ser feita da frente para trás. Isto impedirá que as bactérias provenientes do trato gastrointestinal (região anal) se espalhem para a vagina e uretra
-Esvaziar a bexiga após a relação sexual ajudará a remover possíveis bactérias
-Evitar o uso de roupas muito justas (calças) e desodorantes ou produtos em pó na região genital. Tais produtos podem irritar a uretra e facilitar a migração de bactérias e sua possível proliferação.

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