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Infarto: médicos discutem os cuidados

Agência Notisa - 30 de setembro de 2004 - 13:37

O infarto agudo do miocárdio ocorre quando uma das artérias que alimentam o coração está entupida, impedindo que o coração possa bombear sangue para todo o corpo. Os principais fatores de risco são: tabagismo, obesidade, altos níveis de colesterol no sangue, história familiar de IAM, sedentarismo e alimentação irregular. Na década de 50, cerca de 30% dos pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM) faleciam e o infarto continua sendo causa líder de morte natural no Ocidente, mesmo com a mortalidade atual girando em torno de 8%. Interessados nos cuidados médicos que o pós-infartado exige, Ademir da Cunha (RJ), e Edson Stefanini (SP) se reuniram durante o 59º Congresso da SBC encerrado ontem e discutiram a realidade deste paciente e as opções terapêuticas disponíveis, divididas em dois grandes eixos: as farmacológicas e as não-farmacológicas.

``A aterosclerose é definida já na infância da criança, principalmente pelos hábitos alimentares do grupo em que ela está inserida``, afirmou Ademir da Cunha. Segundo o pesquisador, é fundamental que, no pós-infarto, o paciente se submeta a uma rigorosa dieta e, caso possa, faça exercícios físicos regulares. Os principais resultados da terapêutica não-medicamentosa seriam a melhora do perfil lipídico, da pressão arterial e da tolerância à glicose, combate a resistência à insulina e ao diabetes. ``O efeito psicológico também é muito importante, pois em geral essa terapêutica aumenta a auto-estima``, complementou.

O professor recomendou dois tipos de dieta: a proposta pelo médico californiano Dean Ornish, vegetariana com baixa ingestão de gordura, na qual seria permitida uma xícara de leite desnatado ou iogurte por dia; e a dieta mediterrânea, característica de alguns países da região do Mar Mediterrâneo (França, Itália e outros), composta basicamente por vegetais, legumes, tomate, alho, frutas (maçã) e, principalmente, óleo de oliva, canola, cereais pouco moídos, nozes (pecan) e sementes, queijo branco e iogurte, além de vinho. Estudos anteriores, descritos por Ademir da Cunha, mostraram que os pacientes submetidos à dieta mediterrânea tiveram uma sobrevida maior e apresentaram menos casos de insuficiência cardíaca que os submetidos à dieta usual.

No caso da prescrição do exercício físico para pacientes pós-infarto, o pesquisador recomendou cautela. Segundo ele, pacientes de baixo risco podem e devem caminhar todo dia 30 minutos. Os de médio risco não isquêmicos também podem fazer caminhadas leves, com aumento progressivo da duração. Entretanto os de alto risco só podem se exercitar com acompanhamento médico, em serviços de reabilitação cardiovascular. Na sua opinião, o ideal seria que todos os infartados realizassem exercícios em unidades médicas especializadas, entretanto, há o impedimento econômico. ``Sem dúvida é melhor que os pacientes façam algum tipo de exercício sozinhos do que não fazer nada``, disse o pesquisador.

Uma das principais inquietações do paciente é em relação à retomada de sua vida normal, sobretudo no que diz respeito ao sexo e ao trabalho. Segundo Ademir da Cunha, o sexo pode ser liberado, sem grandes excessos, em uma semana (de 7 a 10 dias). Já a volta ao trabalho demora, no mínimo duas semanas após a alta hospitalar e varia de acordo como bom senso do médico. ``Eu acho que são necessários pelo menos 30 dias de descanso para o indivíduo se readaptar à rotina``, afirma. Entretanto, ele diz que no Brasil esse prazo chega a 3 meses. ``No caso de atividades de risco, é claro que o tempo será maior em função do estresse a que o paciente está submetido``, defendeu o professor, lembrando que muitas vezes o próprio trabalho foi um dos motivos do infarto e que, nesses casos, é analisada a possibilidade de troca de atividade.

JÁ na opinião do professor Stefanini, a utilização de remédios é fundamental para reduzir os riscos para o paciente. Segundo ele, após o IAM (infarto agudo do miocárdio) entre 18% e 35%, respectivamente, terão outro infarto ao longo da vida, portanto o uso da medicação é profilaxia para impedir novo acontecimento. Stefanini afirmou que os pacientes pós-IAM podem ser divididos, em geral, em dois grupos quanto ao uso de fármacos: o primeiro, sem ATC (angioplastia transluminal coronariana) e sem Stent (tela de aço inoxidável que evita novo fechamento da artéria) utilizaria aspirina, beta-bloqueadores e estatinas; o segundo, com ATC e Stent, usaria ainda o clopidogrel.

A aspirina, adotada por praticamente todo o mundo, é um anti-plaquetário (Classe I) de baixo custo. Já os betabloaqueadores reduziriam a mortalidade e não seriam indicados apenas para os pacientes de baixo risco, avaliadas as eventuais restrições dos demais. As estatinas teriam como resultado, além da redução da mortalidade, a diminuição da angina (dor no peito), do colesterol LDL e seu uso começaria 24 horas após o IAM, principalmente em paciente com LDL maior que 100mg/dl. Segundo Stefanini, nesses casos a atorvastatina seria mais indicada por reduzir mais o colesterol. No caso do clopidogrel, o médico apontou um problema: o preço alto para a população em geral.

Agência Notisa (jornalismo científico - scientific journalism)

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