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Indireta no Facebook vicia, pode parar na Justiça e fala muito sobre quem posta

Midiamax - 08 de junho de 2016 - 08:30

"No que você está pensando?" A resposta à essa pergunta do Facebook são com bastante frequência as indiretas. Aquilo que na verdade não se tem coragem de dizer na cara acaba sendo postado. Tem quem se assuma "rainha das indiretas" e quem ocupe a posição de um ex-viciado nisso. E hoje em dia, não precisa ser textão. Tem tanto meme por aí que fala pela gente que é basta um clique em "compartilhar" para ser feito o estrago. O caso pode ir parar até na Justiça, mas o fato é que aquilo que se posta direcionado a alguém fala mais sobre você do que do seu alvo.

A constatação vem da psicóloga Neusa Galafassi. "O que as pessoas escrevem, muitas vezes tem mais a ver com ela do que os outros", enfatiza. Na psicoterapia, Neusa ouve frequentemente pacientes dizendo que se chatearam com fulano e colocaram no Facebook.

"Recado, indireta mesmo. Tem quem não cita nome e às vezes até cita e isso fala mais sobre você, como você age, como se comporta e como se íntera com o mundo", descreve.

Secretária, Brunna Ricarte, de 26 anos, admite que na mesma medida em que vê, também posta as tais indiretas. Um exemplo foi nesta semana. Quando descobriu que um rapaz estava falando mal dela, foi lá e escreveu uma resposta.

"Eu sabia que ele ia olhar e a mulher também e que saberiam que era para eles, então escrevi: 'o linguarudo que está falando mal de mim, tinha que falar na cara' e a mulher dele curtiu", conta. Em seguida, Brunna foi chamada no inbox. "A pessoa foi me perguntar no privado se estava acontecendo alguma coisa, acredita. Acho que entendeu a indireta", brinca.

Fazendo uma reflexão, ela assume que postar fala mais de si do que do alvo, mas não exatamente a ponto de fazê-la se arrepender. "Mostra que não estou de brincadeira e se ficar de mimimi, já perco as estribeiras".

E o que causa tanta vontade de postar indiretas? A psicóloga explica que pode ser a falta de suporte emocional. Quem o tem, consegue de maneira clara e sem ofender, dizer o que pensa. "É bem provável que também falte a coragem de encarar a realidade, de enfrentar a pessoa. Dizer pessoalmente é muito mais difícil e escrever, não".

Na Justiça - Por dois anos, a dona de casa de 41 anos que prefere não ser identificada, travou uma verdadeira briga com a cunhada pelo Facebook. As indiretas eram resumidas a "tiro para todo lado" e no final, as duas acabaram parando na frente da juíza.

Começou como uma briga de família, quando ela se desentendeu com a sogra. "Mudamos e daí começaram as provocações dela no Facebook, das duas partes, na verdade. Ela começou a me criticar como mãe, aí o bicho pegou", conta. As "tretas" eram diárias. "Ela postava assim: 'partiu Defensoria, vou atrás dos meus direitos' e eu respondi: 'Queridinha, em vez de ir para a porta da delegacia, vai para uma academia, que você está precisando'".

Um belo dia, as indiretas se transformaram em intimação para que ela comparecesse à Justiça. "Eu, meu marido, a irmã dele e o marido dela. Todos fomos parar no Juizado de Pequenas Causas. A juíza percebeu que era picuinha de família, deu um sermão na gente e arquivou o caso", relata. E o que a dona de casa aprendeu com essa? "Apesar de ser gostoso mandar a indireta, saber que a pessoa leu e se enfureceu, temos que ter cuidado. Rede social não é terra de ninguém".

A psicóloga também alerta que este comportamento pode estar relacionado à atenção que as pessoas tanto querem. "Hoje tem isso de querer ser famoso e pelas redes sociais, se tem essa possibilidade. Muitas pessoas buscam essa questão de ter atenção".

E por que é tão difícil perceber que a indireta fala mais sobre nós mesmos? Porque a gente não tem essa consciência. "Na maioria das vezes, a pessoa não percebe e é muito mais fácil dizer o que está errado no outro, do que em você mesmo", resume a psicóloga.

Estudante de Ciências Sociais, João Filho, de 19 anos, se intitula assim: "ex-viciado em indiretas". E o caminho que ele escolheu para narrar isso aos amigos foi o Facebook. "Eu estava brincando, mas é que usava bastante e percebi que as pessoas acabam se preocupando mais em ficar criticando umas às outras de forma anônima, do que propor debates", avalia o jovem.

Sobre o por quê postava? João só tem uma resposta. "Falta de maturidade". "Isso pode dizer algo sobre ela, mas fala mais sobre quem está escrevendo". E o que mudou desde quando ele decidiu tomar essa posutra? "O ambiente virtual ficou mais saudável, pelo menos da minha parte".

E o que fazer para deixar as indiretas de lado? A psicóloga diz que a resposta está numa palavra-chave: autoconhecimento. "Ainda são poucas as pessoas que trabalham o autoconhecimento, essa busca existe, mas ainda é bem restrita e o primeiro passo é a psicoterapia, a meditação, a buscar estudos de filosofia de vida", aponta a Neusa.

Que tal compartilhar essa matéria? A indireta pode servir para ajudar a diminuir as postagens no Facebook.

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